Em uma demonstração de fragilidade da base governista, 36 deputados de partidos que comandam ministérios no governo Lula assinaram pedido de impeachment contra o presidente. O documento, que será protocolado na próxima semana na Câmara dos Deputados, já conta com 117 assinaturas no total e tem como fundamento supostas irregularidades no programa educacional Pé-de-Meia.
A adesão ao pedido de impeachment inclui parlamentares do MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP, partidos que ocupam posições estratégicas no primeiro escalão do governo federal. O União Brasil, por exemplo, que comanda três ministérios, contribuiu com 16 assinaturas, sendo a maior participação entre os partidos da base governista.
O estopim para o pedido de afastamento foi o bloqueio de recursos do programa Pé-de-Meia pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A iniciativa, principal aposta do governo na área educacional, prevê incentivos financeiros para estudantes do Ensino Médio inscritos no CadÚnico, funcionando como uma poupança para evitar a evasão escolar.
Parlamentares de oposição argumentam existir uma “pedalada fiscal” de R$ 3 bilhões, devido ao emprego de recursos não previstos em lei. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) comparou a situação ao processo que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, convocando manifestações populares.
Entre os partidos da base governista que aderiram ao pedido, o PP contribuiu com oito deputados, o MDB com cinco, o PSD com quatro e o Republicanos com três parlamentares. Vale ressaltar que estas siglas mantêm ministros em pastas importantes como Transportes, Agricultura, Portos e Aeroportos, entre outras.
O documento, de autoria do deputado Rodolfo Nogueira (PL), também recebeu apoio de parlamentares do Cidadania, Podemos, Novo e PRD, evidenciando uma articulação que ultrapassa as fronteiras da oposição tradicional e adentra os limites da base aliada do governo.