O governo brasileiro decidiu se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), onde atuava como membro observador desde 2021. A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel nesta quinta-feira (24), em mais um capítulo da crescente tensão entre os dois países.
A saída da organização, criada nos anos 1990 para combater o antissemitismo, acontece após uma série de desentendimentos diplomáticos entre Brasil e Israel. O principal deles ocorreu em fevereiro, quando o presidente Lula comparou as ações israelenses em Gaza ao Holocausto, resultando em sua declaração como persona non grata em território israelense.
O Itamaraty já comunicou a decisão à embaixada israelense em Brasília, mas ainda não apresentou explicações oficiais sobre os motivos da saída. A medida foi criticada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), através de seu comissário Fernando Lottenberg, que classificou a decisão como “um equívoco”.
O distanciamento entre os países se intensificou após o Brasil apoiar a ação judicial movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça. O processo acusa o governo israelense de genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza, onde já morreram mais de 50 mil pessoas desde o início do conflito.
A relação bilateral enfrenta ainda outros pontos de tensão, como a retirada do embaixador brasileiro de Tel Aviv e a pendência na aprovação do novo embaixador israelense para Brasília, Gali Dagan. Israel acusa o governo brasileiro de manter posições favoráveis ao Hamas, enquanto o Brasil critica a atuação israelense em Gaza.
A IHRA, que reúne mais de 45 países e 2.000 instituições ao redor do mundo, é considerada um importante instrumento no combate ao antissemitismo, mesmo sem possuir valor jurídico vinculante. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a saída da organização.
























