A indústria brasileira de ferro-gusa enfrenta uma grave crise com a possível imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre as exportações a partir de 1º de agosto. A medida ameaça diretamente o setor, que tem os EUA como principal destino, absorvendo 86,9% das exportações.
Em Sete Lagoas, polo industrial mineiro com 21 usinas produtoras de ferro-gusa, o impacto será especialmente severo. A cidade responde por exportações de aproximadamente US$ 600 milhões anuais do produto. Importadores americanos já começam a suspender embarques programados, como relatado pela SDS Siderúrgica, que teve carregamentos cancelados para agosto.
O presidente do Sindifer, Fausto Varela Cançado, alerta que não há possibilidade de redirecionar rapidamente as vendas para outros mercados. Algumas empresas dependem em até 90% das exportações para os EUA. A situação é ainda mais crítica porque o Brasil é o maior fornecedor do mercado americano, seguido por Ucrânia e Índia em volumes muito menores.
A CBF Indústria de Gusa, no Espírito Santo, já considera paralisar parte de sua produção e conceder férias coletivas aos funcionários. A empresa, que destina cerca de 60% de suas exportações aos EUA, teve uma carga de 15 mil toneladas suspensa para agosto.
O setor emprega milhares de trabalhadores diretos e indiretos, incluindo aqueles envolvidos na produção de carvão vegetal. A indústria brasileira se destaca por produzir um “gusa verde”, utilizando biorredutor vegetal e energia renovável, características valorizadas pelo mercado internacional.
Os produtores brasileiros e seus clientes americanos tentam negociar com autoridades para reverter a medida. A atual tarifa de 10% já pressiona as margens do setor, e um aumento para 50% tornaria as operações inviáveis. O ferro-gusa brasileiro é essencial para grandes siderúrgicas americanas como Nucor, Big River e Steel Dynamics, que dependem dessa matéria-prima para suas operações.
























