A Polônia convocou uma reunião de emergência com os 31 países membros da Otan após detectar e abater ao menos 19 drones russos que violaram seu espaço aéreo durante um ataque massivo contra a Ucrânia. O incidente elevou as tensões entre a aliança militar ocidental e Moscou a um novo patamar.
O primeiro-ministro polonês Donald Tusk alertou o Parlamento sobre a gravidade da situação, afirmando que o risco de um conflito de grande escala está no seu ponto mais crítico desde a Segunda Guerra Mundial. Embora tenha descartado um estado de guerra imediato, Tusk enfatizou que o cenário atual é significativamente mais perigoso que os anteriores.
Pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, caças da Otan, incluindo F-16 poloneses e um F-35 holandês, entraram em ação para interceptar aeronaves não tripuladas russas. A operação contou com apoio de um avião-tanque holandês e um avião de espionagem italiano, além de baterias antiaéreas Patriot alemãs.
O incidente provocou o fechamento temporário de quatro importantes aeroportos poloneses, incluindo os dois da capital Varsóvia. Destroços de drones foram encontrados em sete regiões do país, com um drone Gerânio-2 localizado a 300 quilômetros da fronteira, em Mniszków.
A Rússia, por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, evitou comentários diretos sobre o caso, enquanto o representante russo em Varsóvia, Andrei Ordach, limitou-se a afirmar que os drones eram provenientes da Ucrânia. O episódio ocorre às vésperas do exercício militar Zapad, programado pela Rússia e Belarus para iniciar na sexta-feira.
A comunidade internacional reagiu com preocupação. Líderes europeus expressaram solidariedade à Polônia, enquanto o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, classificou o incidente como “absolutamente irresponsável e perigoso”. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, foi além e caracterizou o evento como um “ataque deliberado”.
A Polônia invocou o artigo 4 da carta da Otan, que prevê consultas entre os membros da aliança em casos de violação de soberania. Esta é apenas a sétima vez que este mecanismo é acionado desde a criação da organização em 1949, evidenciando a seriedade da situação.
O país, que já é o membro da Otan que mais investe em defesa proporcionalmente ao PIB, com 4,12% em 2024, mantém-se em estado de alerta, especialmente durante o período do exercício militar Zapad, que deve incluir simulações de ataques nucleares táticos.
























