Por Neimar Fernandes (*)
Desde as viagens de Marco Polo, sabemos que só se diminui a pobreza com liberdade do mercado. Vender, barganhar, permutar sem interferências ou regras impostas por terceiros. Impossível dividir pobreza em qualquer proporção, já a riqueza permite divisões equilibradas ou perversas, mas é a única forma de crescimento.
Veja dois exemplos gritantes, capazes de comprovar esta lição: Hong Kong uma ilha sem água potável e constituída sobre maciço rochoso, através do livre comércio, saiu da pobreza extrema para uma renda per capta maior que a do reino unido, do qual era colônia, em apenas 40 anos. Singapura outra ex-colônia, paupérrima e dominada pela criminalidade, conseguiu o mesmo em 30 anos.
No Brasil, neste mesmo período, convivemos com governos equivocados, políticos mal intencionados, magistrados que mudam o discurso de acordo com os próprios interesses.
Hoje, com 2 anos e 7 meses de governo Lula, vale conferir algumas realizações:
– Dobrou o número de ministérios e órgãos federais com gastos de mais de 5 bilhões de reais por ano;
– Demissão de milhares de comissionados, técnicos e competentes, para acomodar militantes, inchando a máquina pública;
– Quebra do isolamento de líderes de facções criminosas em presídios federais;
– Controle absoluto, sufocando o desempenho de órgãos que vinham apresentando desempenho muito acima dos padrões de governos anteriores do próprio PT;
– “Médicos” cubanos recontratados e extermínio do programa Mais Médicos com médicos brasileiros;
– Reformas, trabalhista e jurídica visando retornar o assalto ao tesouro;
– Paralisação das concessões de três malhas ferroviárias e expansão do setor;
– Novos critérios para a volta da farra de recursos da Lei Rouanet;
– Retorno de 10 bilhões em verbas publicitárias federais, acabando com economia de mais de cinco bilhões de reais por ano;
– Cancelamento e extermínio da lava jato e do plano efetivo de combate à corrupção E tráfico de drogas, com proibição das ações da PRF;
– Falta de confiança e humilhação das Forças Armadas;
- Jornalistas assustados diante do despreparo de ministros e autoridades do primeiro escalão;
– Ações diplomáticas para reaproximar o Brasil das grandes ditaduras e fracassos econômicos mundiais.
Quais desses assuntos foram destaques na imprensa?
Toda a mídia buscando a governabilidade da atual administração, mesmo que custe a credibilidade da maioria dos veículos.
Vale aqui relembrar o poeta e diplomata Vinícius de Morais:
“Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade”.
Pior que a insegurança que assola o país e uma mídia fustigando Bolsonaro, torna-se lamentável que diante de rara oportunidade para passar a limpo essa parafernália em que se transformaram nossas instituições, alguns dos principais protagonistas ajam como verdadeiros canastrões, incapazes sequer de disfarçarem esta encenação de cartas marcadas.
Corrupção endêmica, inapetência generalizada e organização à beira do caos, continuam a nos assustar.
Quem sabe seja este o momento ideal para um pouco mais de tolerância e bom senso.
Imagine viver em um país que deve arrecadar este ano mais de 3 trilhões de reais em impostos, quantia que o coloca entre as trinta maiores arrecadações do mundo em proporção ao número de contribuintes.
Apesar dessa montanha de dinheiro, faltam serviços de qualidade e alguns nem existem. Transporte precário, saúde de dar dó, ensino uma vergonha e a segurança dá medo.
Arrecadação de primeiro mundo com serviços de terceiro.
Ainda convivemos com aumento de combustível, tarifas de serviços, alíquotas de impostos, e tome sufoco da população.
Modelo econômico, que o governo anterior combateu e obteve grandes vitórias, apesar da pandemia e de uma recessão mundiais.
A chance para mudar tudo isto esteve em nossas mãos, agora, parece que não é mais prioridade do novo governo. Vamos aguardar, dar tempo ao tempo, basta de ódio, discursos e ideologias. O nós contra eles, nunca funcionou e sempre acabou em tragédias, vejam impérios romano, otomano, nazismo, fascismo, franquismo e comunismo.
Diante de tanta lambança, prefiro trocar o circo do planalto pela perseverança que conduziu Dom Alonso, seu decrépito pangaré, a desajeitada camponesa Aldonça e o ingênuo e materialista lavrador Sancho, que travestidos de Dom Quixote, Rocinante, Dulcinéia e Sancho Pança, sonham, têm esperanças e fracassam. Heróis, que na sua loucura coletiva, foram tão corajosos quanto os verdadeiros heróis.
Melhor sonhar com Miguel de Cervantes, que ir ao inferno com Dante Alighieri.
























