Por César Wagner Maia Martins (*)
A CPMI do INSS tem avançado a passos lentos diante de obstáculos que fragilizam sua missão de expor um dos maiores escândalos contra aposentados e pensionistas do país. Decisões judiciais têm blindado investigados, permitindo que depoentes oscilem entre o silêncio e versões fragmentadas. Foi preciso que a presidência da comissão decretasse a prisão em flagrante de Rubens Oliveira Costa por falso testemunho, numa medida extrema que escancarou a resistência em colaborar e a gravidade do esquema.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, tem sido firme ao afirmar que mentir é crime e que não hesitará em usar os mecanismos legais disponíveis. Segundo ele, “a população precisa saber onde foi parar o dinheiro dos aposentados”, reforçando que o relatório final será sustentado por investigações consistentes e não por discursos políticos. Sua postura aponta para o desafio de garantir seriedade em meio a tentativas de esvaziar a comissão.
Já o relator Alfredo Gaspar tem cobrado transparência, pedindo prisão de testemunhas omissas e exigindo acesso a documentos cruciais. Ele alerta que, sem informações e colaboração efetiva, a CPMI corre o risco de virar um “teatro político”, enquanto figuras centrais como o “Careca do INSS” ainda tentam se esquivar do escrutínio. Cada convocação enfrenta resistências, numa queda de braço que põe à prova a capacidade da comissão de ir além da superfície.
O pano de fundo, no entanto, revela o peso da política. O sigilo imposto sobre as “andanças” do principal alvo dentro do Congresso, mantido sob silêncio pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, fere de morte a transparência que a comissão deveria assegurar. Somam-se a isso denúncias de pagamentos milionários a assessores ligados à cúpula do Senado, e o retrato é claro: ou o Parlamento encara a verdade com coragem, ou será cúmplice da perpetuação de um esquema que saqueou a dignidade de milhões de brasileiros.
























