Por César Wagner Maia Martins (*)
O documentário “Sul Vermelho”, exibido pela Record News na terça-feira (1°), tem o mérito incômodo de expor sem maquiagem um dos capítulos mais brutais da história recente: o massacre de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas atravessaram a fronteira e levaram terror ao sul de Israel. Não foi uma batalha, tampouco um ato de resistência — foi uma carnificina. Famílias inteiras foram caçadas dentro de casa, idosos e mulheres grávidas executados, crianças arrancadas dos braços dos pais, jovens assassinados em festas ao ar livre. Não houve alvo militar, apenas a lógica do ódio: matar o máximo de civis possíveis.
E diante desse horror, a reação do governo brasileiro foi de constrangedora ambiguidade. Enquanto o mundo civilizado classificava imediatamente o Hamas como autor de um ataque terrorista, Brasília escolheu a covardia diplomática. As primeiras declarações trataram os massacres como “conflito”, como se houvesse simetria entre um Estado defendendo seu povo e uma organização fundamentalista que ergue o assassinato de inocentes como bandeira política. Pior: até hoje o Brasil se recusa a reconhecer formalmente o Hamas como grupo terrorista, posição que o coloca em desalinho com democracias ocidentais e em sintonia perigosa com regimes que instrumentalizam a violência.
“Sul Vermelho” nos lembra que o terror não é uma abstração, mas uma realidade que esmaga vidas, apaga histórias e silencia gerações inteiras. A negação em nome da diplomacia é, no fundo, uma forma de cumplicidade moral. Ao hesitar em nomear o inimigo pelo que ele é — terrorista —, o Brasil perde a chance de estar do lado certo da história e se apequena no concerto das nações.
Se a morte de crianças, idosos e grávidas não basta para acender a indignação oficial, o que mais será necessário para chamar as coisas pelo nome? O sangue derramado no Sul Vermelho não permite neutralidade: ele exige posicionamento. E o governo brasileiro, ao preferir a omissão, escolheu a sombra.
























