Em meio a ruas e seções eleitorais praticamente vazias, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou neste domingo uma vitória expressiva do partido governista nas eleições regionais e legislativas, em um pleito marcado pelo boicote da oposição e pela ausência de observadores internacionais independentes.
O regime de Nicolás Maduro conquistou 80% das cadeiras legislativas e 22 dos 23 governos estaduais, segundo dados oficiais apresentados sem evidências pela televisão estatal. O comparecimento às urnas foi anunciado como superior a 40%, contrariando os relatos de abstenção generalizada e locais de votação desertos em todo o país.
A principal líder opositora, María Corina Machado, havia convocado um boicote ao pleito, exigindo o reconhecimento da vitória da oposição na eleição presidencial de 2024, quando o candidato Edmundo González teria vencido Maduro, segundo contagem paralela validada por observadores internacionais.
Em Caracas, a baixa participação foi evidente. Na maior seção eleitoral da capital, apenas 793 dos 11.542 eleitores registrados haviam votado até o meio-dia. O cenário se repetiu em outras regiões, incluindo tradicionais redutos chavistas como La Vega e Petare.
A oposição perdeu o controle do estado de Zulia, o mais populoso do país e centro da produção petrolífera, anteriormente governado por Manuel Rosales. Agora, apenas o estado de Cojedes permanece sob comando de uma voz dissidente ao regime.
O pleito ocorreu sob forte presença militar, com tanques de guerra posicionados em áreas estratégicas da capital. Nas televisões estatais, a cobertura destacava um processo tranquilo e participativo, contrastando com os relatos de ruas vazias e seções eleitorais desertas.
Desde que assumiu o poder há 25 anos, o regime chavista já realizou 32 eleições. “A Venezuela é o país com as eleições mais livres, soberanas e democráticas dos últimos 100 anos da humanidade”, declarou Maduro aos jornalistas, ignorando as acusações de fraude e a prisão de mais de 900 opositores políticos.