Em meio às investigações sobre os atos de 8 de janeiro, mensagens atribuídas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, trazem novos elementos sobre a natureza das manifestações ocorridas em Brasília. As conversas, obtidas através de diálogos pelo Instagram entre uma conta atribuída à sua esposa Gabriela e o advogado Eduardo Kuntz, apresentam uma perspectiva diferente dos eventos.
Nas mensagens, o perfil supostamente operado por Cid contesta a possibilidade de participação das Forças Especiais (FE) do Exército nos atos. “Se as FE quisessem ter dado um golpe, teria acontecido”, afirma a mensagem, detalhando que uma verdadeira tentativa de tomada de poder exigiria ações coordenadas, como controle de meios de comunicação, prisão de autoridades e domínio de vias estratégicas.
O diálogo também aborda a postura do então presidente Jair Bolsonaro. Segundo as mensagens, não havia intenção de provocar ruptura institucional. “O presidente não iria dar golpe nenhum. Ele estava mal. Ele queria encontrar uma fraude nas urnas, de forma oficial pelo partido”, revela o texto atribuído a Cid.
As conversas ocorrem em um momento delicado para Cid, que prestou depoimentos às autoridades e fechou acordo de colaboração premiada. Em uma das mensagens, demonstra preocupação com as consequências de seus relatos: “O mais foda é sentir que estou ferrando todo mundo”, confessa o perfil atribuído ao militar.
Os diálogos emergem como novo elemento no debate sobre a caracterização dos eventos de 8 de janeiro, alimentando discussões sobre a real natureza das manifestações que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.