A Usiminas apresentou nesta quinta-feira (30), os resultados do segundo trimestre de 2020. A companhia anunciou, ainda, medidas de retomada de algumas atividades que estavam parcialmente paralisadas em função da abrupta retração do mercado de produtos siderúrgicos.
Este quadro econômico setorial foi informado pelo colunista William Saliba, do CARTA DE NOTÍCIAS, em sua coluna Newsletter, na última segunda-feira (27). Segundo antecipou ao colunista o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, o período foi marcado também por uma queda acentuada da atividade industrial no país (-9,2% em março e -18,8% em abril).
BALANÇO TRIMESTRAL
Conforme o balanço do segundo trimestre, o Ebitda Ajustado consolidado ficou em R$ 192 milhões no período, com recuo de 66,3% em relação ao 1T20 (R$ 569 milhões) e a margem Ebitda Ajustado foi de 7,9%, contra 14,9% no primeiro trimestre do ano. No mesmo comparativo com os três primeiros meses de 2020, o lucro bruto foi de R$ 279 milhões, uma redução de 46%. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 395 milhões, contra os R$ 424 milhões negativos do trimestre anterior.
Mesmo com os esperados reflexos dos impactos econômicos da pandemia da Covid-19 nos resultados, a Usiminas manteve uma posição sólida de caixa, de R$ 2,5 bilhões em 30/06/20, anunciando uma elevação no seu plano de investimentos para o ano, de R$ 600 milhões para R$ 800 milhões. Os principais aportes devem acontecer em iniciativas de meio ambiente e na implantação do projeto de empilhamento a seco (dry stacking) da Mineração Usiminas. Segundo o presidente da empresa, Sergio Leite, desde o início da pandemia, a Usiminas tomou medidas importantes para se adequar ao cenário, de maneira ágil e estratégica, e garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo. Para o executivo, a companhia está preparada para uma resposta rápida a uma esperada retomada do mercado.
“Adotamos uma série de ajustes que nos permitiram passar pelos momentos mais críticos da crise sem, contudo, comprometer o nosso caixa e nossa capacidade de atender de maneira rápida à expectativa de melhoria da demanda para os próximos meses. E é isso que estamos fazendo agora ao anunciarmos a retomada gradual das operações do Alto-Forno 1 e da Aciaria 1 da Usina de Ipatinga e das laminações em Cubatão, na Baixada Santista”, afirma Leite.
RETOMADA GRADUAL
As expectativas para o segundo semestre, conforme entidades do setor, devem ser de recuperação gradual da atividade industrial no país. Leite lembra que, conforme dados divulgados nesta semana pelo Instituto Aço Brasil, a indústria siderúrgica no país enfrentou seu pior momento em abril, com indicadores que voltaram ao patamar de 15 anos atrás. No primeiro semestre de 2020, a produção de aço bruto no país teve uma queda de 17,9% e o consumo aparente retraiu 10,5%. “Como toda a indústria do setor, sobretudo para o segmento de aços planos, nós na Usiminas estamos confiantes que o pior já passou e que a trajetória agora é de retomada, apesar dos enormes desafios que temos pela frente”, afirma.
UNIDADES DE NEGÓCIOS
Por área de negócios, o principal destaque no segundo trimestre do ano foram os resultados da Mineração Usiminas (Musa). O Ebitda Ajustado da Musa, de R$ 380 milhões no segundo trimestre do ano, atingiu sua máxima histórica, com um aumento de 77,8% em relação ao 1T20. A margem Ebitda Ajustado da empresa ficou em 51% (36,8% no trimestre anterior).
A unidade produziu 2 milhões de toneladas de minério de ferro (queda de 6,7% na comparação com o 1T20) e registrou vendas de 1,9 milhão de toneladas (redução de 14% em relação ao 1T20). Já a receita líquida alcançou R$ 746 milhões, com alta de 28,3% quando comparada ao trimestre anterior (1T20). A elevação ocorreu principalmente em função da desvalorização do real frente ao dólar, do aumento do preço do minério e da redução no preço do frete.
No que diz respeito aos investimentos, a Musa registrou aportes de R$ 50 milhões no segundo trimestre. A empresa já iniciou a implantação do seu projeto de empilhamento a seco (dry stacking), licenciado no mês de junho pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O novo sistema de disposição de rejeitos vai permitir a substituição das barragens convencionais e garantir importantes ganhos ambientais e de segurança.
Na Unidade de Siderurgia, os resultados refletiram diretamente a retração registrada nas vendas internas e externas de aço, a partir de março e mais acentuadamente em abril. A produção de aço bruto na usina de Ipatinga ficou em 533 mil toneladas no 2T20, inferior em 30,9% em relação ao 1T20, e a de laminados (Ipatinga e Cubatão) totalizou 0,7 milhão de toneladas no 2T20, com redução de 38,5% no comparativo com 1T20. Já as vendas totais somaram 608 mil toneladas (redução de 42% em relação ao 1T20), com 83% direcionadas ao mercado interno e 17% às exportações. Com isso, o Ebitda Ajustado da unidade de Siderurgia atingiu R$ 102 milhões negativos no 2T20 (R$ 370 milhões positivos no 1T20) e a margem Ebitda Ajustado ficou negativa em 5,4% (positiva em 11,4% no 1T20).
Na Soluções Usiminas, a receita líquida do segundo trimestre do ano totalizou R$ 498 milhões, com redução de 44,7% em relação ao 1T20. O Ebitda Ajustado da unidade no período ficou em R$ 11 milhões negativos (R$ 25 milhões positivos no 1T20) e a margem Ebitda Ajustado foi de 2,2% negativos (2,7% positivos no 1T20).
Na Usiminas Mecânica, empresa de bens de capital sob encomenda, houve diminuição de 62,6% na receita líquida do segundo trimestre (R$ 43 milhões) quando comparada com a registrada no primeiro trimestre do ano (R$ 115 milhões). A unidade apresentou prejuízo bruto de R$ 37 milhões no 2T20 (R$ 4 milhões de prejuízo bruto no 1T20) e Ebitda Ajustado negativo em R$ 67 milhões (R$ 10 milhões negativos no 1T20).
No final de junho, a Usiminas Mecânica (UMSA) teve sua reestruturação aprovada pelo Conselho de Administração da Companhia. A empresa manteve apenas as atividades relacionadas à prestação de serviços para a Usiminas e suas controladas, ressalvando a conclusão dos projetos externos já em andamento. As atividades da UMSA não constituem o core business da Usiminas e a empresa vinha apresentando significativa redução na geração de caixa nos últimos cinco anos, com resultados decrescentes nos segmentos de montagem industrial e manufatura.
Para o presidente Sergio Leite, a Usiminas está agora reestruturada para o novo momento. “Desde o início da pandemia, a companhia vem concentrando esforços em três principais frentes: o cuidado com a saúde e segurança das pessoas, a manutenção do caixa e a geração de resultados. Mesmo num cenário tão complexo, no qual medidas necessárias tiveram que ser adotadas, estamos fortalecidos para assegurar a perenidade da companhia”, conclui o executivo.
ENFRENTAMENTO À COVID-19
No que diz respeito à participação da empresa no esforço coletivo de enfrentamento da pandemia da Covid-19, a Usiminas já investiu cerca de R$ 27 milhões em iniciativas diversas. Foram dezenas de investimentos por meio da Fundação São Francisco Xavier, braço social da companhia nas áreas de Educação e Saúde e responsável pela gestão de quatro unidades hospitalares instaladas em cidades de Minas Gerais e em Cubatão. São hospitais referência para 35 municípios do Leste de Minas e para a Baixada Santista, com parte expressiva dos atendimentos dedicada a pacientes do SUS.
Desde o início da pandemia, entre outras iniciativas, foram adquiridos novos respiradores mecânicos, instalados em um andar inteiro dedicado a pacientes do Coronavírus no Hospital Márcio Cunha, de Ipatinga, adquiridos novos leitos de UTI e equipamentos diversos. Foram direcionados recursos também para ações como a doação de 40 toneladas de alimentos para comunidades socialmente vulneráveis, de 150 mil máscaras de proteção para colaboradores, familiares e comunidades e para a higienização de espaços públicos com grande circulação de pessoas em Ipatinga e Cubatão. A empresa vem participando, ainda, de outras ações em parceria com entidades como o Senai, que vem liderando um programa de recuperação de respiradores mecânicos.