Marcelo Dilla (*)
Há 37 anos, o famoso grupo de rock americana Kiss investiu em sua turnê internacional “Creatures of Nigth” (nome do último álbum da banda). Essa turnê começou em abril de 1983 pelos EUA e Canadá (com público reduzido) e terminou no Brasil, em junho daquele mesmo ano. Por aqui, eles se apresentaram em três cidades: no dia 18 de junho, no Maracanã (RJ); 23, no Mineirão (BH); e dois dias depois, no Morumbi (SP).
No Maracanã, o público foi até então um recorde, com 130 mil pessoas. Em São Paulo, o público foi de 60 mil fãs e, em Belo Horizonte, apenas 35 mil. No entanto, em BH, a expectativa era de um público de 70 mil pessoas, se não fosse “uma mudança repentina” da censura de Belo Horizonte, que em cima da hora alterou a idade mínima para o show, de 12 para 16 anos, usando pretextos fora da lógica.
Assim, milhares e milhares de jovens tiveram que voltar com seus pais para casa. Isso acabou esvaziando o Mineirão. Naquela época, jornais do Rio de Janeiro e São Paulo chegaram até fazer chacota, chamando aquela estranha alteração da censura belo-horizontina de “coisa da roça”.
Mas o fato curioso noticiado em Minas Gerais, além do show fantástico, foi a rápida viagem que os dois principais integrantes da banda, Gene Simonns e Paul Stanley, fizeram até a cidade mineira de Teófilo Otoni, antes de se apresentarem no Mineirão.
De acordo com a agenda da turnê brasileira, os shows da Kiss no Brasil teriam o intervalo de dois dias entre um e outro. Entretanto, pouco antes de confirmar as datas, a assessoria da banda pediu um distanciamento maior, de cinco dias, entre as datas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Reza a “lenda”, confirmada por pessoas da capital mineira e de Teófilo Otoni, que no dia seguinte ao show no Maracanã, Gene Simonns e Paul Stanley alugaram um jatinho e saíram do Rio de Janeiro, via Belo Horizonte (Aeroporto da Pampulha), com destino à Teófilo Otoni. Assim, Gene Simonns poderia comprar algumas pedras preciosas naquela cidade do Vale do Mucuri. Como bom judeu, Simonns era negociante e colecionador de pedras preciosas.
Lenda, não. Posso assegurar que o fato aconteceu mesmo.
(*) Marcelo Dilla é cronista, autor do livro “100 Casos, Sem Fakes” e guitarrista e vocalista da banda Creedence Cover