A Nippon Steel anunciou nesta segunda-feira (18) que vai comprar a centenária siderúrgica fundada por John Pierpont Morgan e Andrew Carnegie, US Steel em um negócio avaliado em 14,9 bilhões de dólares, meses depois que a siderúrgica norte-americana se colocou à venda. Uma compra que pode dar origem ao segundo maior grupo siderúrgico do mundo.
A aquisição será feita totalmente em cash e representa um prêmio de 40% sobre o fechamento da ação na sexta-feira – o que está fazendo a maior siderúrgica americana subir quase 30% no pregão de hoje.
Símbolo da industrialização americana e fundada há mais de cem anos, a US Steel recebeu diversas ofertas de aquisição nos últimos meses. O processo teve início em agosto, quando a Cleaveland Cliffs – uma siderúrgica que teve crescimento exponencial nos Estados Unidos na última década e é comandada pelo brasileiro Lourenço Gonçalves – fez uma oferta de US$ 35 por ação, ou cerca de US$ 7,5 bilhões que foi rechaçada. A Arcelor Mittal e a Esmark também estavam entre as concorrentes.
A compra fortalece a tese de consolidação da siderurgia nos Estados Unidos, hoje dominado por três empresas, Cleveland-Cliffs, Nucor e Steel Dynamics, e é um voto de confiança no bom ciclo siderúrgico no país.
Enquanto o mercado global está numa situação “dramática”, com preços do aço deprimidos em meio à desaceleração da economia chinesa, a dinâmica americana vem na contramão.
Com tarifas contra o produto chinês – que vem inundando o mundo e pesando inclusive sobre o mercado brasileiro – e estímulos à economia com o Inflation Reduction Act, a demanda e as margens nos Estados Unidos estão em um bom momento, ainda que com alguma desaceleração nos últimos meses.
Com custos operacionais mais elevados e fábricas mais antigos, a US Steel estava com dificuldade de fazer frente à concorrência, o que a tornou um alvo fácil para fusões e aquisições. A receita caiu 17% nos nove primeiros meses de 2023.
A expectativa é que a transação, que depende da aprovação da órgãos regulatórios, seja concluída apenas no terceiro trimestre de 2024.
A US Steel deve manter sua marca e sua sede em Pittsburgh, na Pensilvânia. Em seu anúncio, a Nippon afirmou que irá honrar os contratos firmados entre a US Steel e o United Steelworkers, sindicato local, que a princípio, estava inclinado a só aceitar ofertas da Cleveland Cliffs, cujos trabalhadores estão abrigados sob o mesmo guarda-chuva.
O sindicato ratificou um contrato de quatro anos com a US Steel em dezembro de 2022, que estabelece que um comprador deve estabelecer um novo acordo de trabalho antes de concluir a compra.
De acordo com o presidente da US Steel, David B. Burritt, a junção das duas companhias cria uma “verdadeira siderúrgica global, que combina inovação e capacidade de atender às demandas dos clientes”.
Com capacidade de produção de 66 milhões de toneladas de aço por ano, a Nippon Steel já foi controladora da brasileira Usiminas e hoje tem 22% das ações. A saída do controle veio em março deste ano, depois que a ítalo-argentina Ternium ficou com 42% dos papéis da Usiminas.