Por William Argolo Saliba (*)
A análise de documentos e dados históricos sugere que a responsabilidade atribuída à atividade humana no aquecimento global pode ser superestimada. Alexey R. Kulchitskiy, do Departamento de Motores Térmicos e Usinas da Universidade Estadual de Vladimir, na Rússia, examinou registros climáticos ao longo de milhões de anos, questionando suposições comuns sobre o papel do CO2 e outros gases de efeito estufa.
Kulchitskiy investigou documentos de conferências internacionais entre 1992 e 2022, analisando a eficácia das medidas adotadas para conter o aquecimento global. Ele destacou que, embora a atividade humana, como a industrialização e o desmatamento, contribua para a emissão de gases de efeito estufa, fatores naturais, como a absorção de CO2 pelos oceanos e a influência do vapor d’água, são frequentemente subestimados. O vapor d’água, por exemplo, é responsável por cerca de 78% do efeito estufa, mas não é considerado nas políticas climáticas, que se concentram principalmente no CO2.
Além disso, análises de núcleos de gelo da Antártica e Groenlândia mostram que aumentos de CO2 costumam seguir períodos de aquecimento, sugerindo que o aquecimento dos oceanos libera CO2 na atmosfera, e não o contrário. Isso questiona a eficácia das políticas que focam na redução do CO2 antropogênico, o qual representa apenas uma pequena parte do total.
O estudo também revisou eventos climáticos anômalos recentes, como a neve no Saara e ondas de frio nos Estados Unidos, para ressaltar que as variabilidades climáticas são complexas e nem sempre relacionadas às atividades humanas. Kulchitskiy argumenta que essas variações climáticas foram comuns ao longo da história geológica da Terra, ocorrendo muito antes do impacto humano significativo.
A pesquisa sugere que a atual abordagem das mudanças climáticas pode precisar de ajustes para incluir uma consideração mais equilibrada entre fatores antropogênicos e naturais. Isso pode influenciar futuras políticas climáticas, promovendo soluções mais abrangentes que levem em conta a complexidade das interações entre a atmosfera, os oceanos e a atividade humana.
Referência:
KULCHITSKIY, Alexey R. Once again about “global warming” and “greenhouse gases”. Natural Resources Conservation and Research, v. 6, n. 2, 2023. doi: 10.24294/nrcr.v6i2.2607.
(*) William Argolo Saliba é Mestre em Química Orgânica, autor de livros científicos e terapeuta holístico