A duplicação da BR-381, no trecho que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, pode proporcionar uma economia superior a R$ 1 bilhão para usuários da rodovia, além de melhorar a segurança e a logística na região. É o que aponta o estudo “Infraestrutura e Crescimento Econômico: a nova rodada de concessão da BR-381 como modelo de segurança, eficiência e sustentabilidade”, conduzido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) em parceria com a consultoria Houer.
De acordo com o levantamento, a concessão da rodovia trará benefícios significativos. Além da economia direta de R$ 1,01 bilhão em despesas com combustível, peças, pneus e tempo de transporte de cargas, o projeto deve reduzir custos com acidentes em cerca de R$ 374,55 milhões. Estima-se ainda que, em 30 anos, serão mitigadas aproximadamente 161 mil toneladas de gases de efeito estufa.
O Movimento Pró-Vidas da BR-381, que há anos defende a duplicação, destaca que o principal objetivo da iniciativa é salvar vidas. “Trata-se de um projeto que impacta diretamente os municípios, as empresas, a economia regional e, sobretudo, os cidadãos que dependem dessa rodovia para sua segurança e bem-estar”, afirma o coordenador do movimento, Clesio Gonçalves.
IMPACTO ECONÔMICO E DESAFIOS LOGÍSTICOS
O estudo também aponta como a atual condição da BR-381 afeta negativamente a economia de Minas Gerais. Segundo o diretor do Conselho de Infraestrutura da Fiemg, Victório Semionato, a precariedade da rodovia prejudica a instalação de indústrias e a atração de investimentos nas regiões atendidas pelo trecho, como o Vale do Aço.
“A dificuldade de escoamento de produção gera um impacto logístico significativo, reduzindo a competitividade e afastando novas empresas. Isso afeta não apenas a indústria, mas também os trabalhadores e a economia local”, ressalta Semionato.
Os dados reforçam a diferença de desenvolvimento entre os trechos concessionados e não concessionados da rodovia. Enquanto o trecho entre Belo Horizonte e São Paulo gerou mais de 22 mil empregos diretos em 2023, com destaque para o setor industrial, o trecho não concedido para Governador Valadares apresentou saldo negativo de 1.180 postos de trabalho no mesmo setor.
BENEFÍCIOS PARA A POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Além de benefícios econômicos, a duplicação deve impactar diretamente o custo de vida da população. Custos elevados de transporte, causados pelas más condições da via, acabam sendo repassados ao consumidor final. Fernando Iannotti, presidente da Houer e membro do Conselho de Infraestrutura da Fiemg, enfatiza a importância da concessão para melhorar as condições de trafegabilidade.
“A concessão representa um avanço na infraestrutura de Minas Gerais, transformando a BR-381 na principal rota logística do Estado e beneficiando mais de 5 milhões de pessoas ao longo do trajeto. Além disso, a iniciativa privada assumirá investimentos que o setor público não tem condições de arcar, garantindo maior eficiência e retorno à sociedade”, avalia Iannotti.
FUTURO DO PROJETO
A concessão da BR-381 foi realizada em 29 de agosto deste ano, com a 4UM Investimentos vencendo o leilão. O fundo, composto por empresas como MLC, Aterpa e Senpar, assume a responsabilidade por transformar a rodovia. Contudo, o projeto enfrentou desafios em sua concretização. Desde 2013, pelo menos quatro tentativas de concessão fracassaram por falta de interessados, refletindo os obstáculos históricos para melhorar a infraestrutura da estrada.
Agora, com o projeto aprovado e sob nova gestão, espera-se que a BR-381, conhecida como “Rodovia da Morte” devido ao alto índice de acidentes, seja requalificada, tornando-se um modelo de segurança, eficiência e sustentabilidade para Minas Gerais e o Brasil.