Por Walter Biancardine (*)
Aconteceu ontem, 29, em Belo Horizonte, uma grande manifestação exigindo o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, com a presença de diversas lideranças políticas de direita, conservadores e influencers, que também cobraram ações imediatas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no sentido de pautar a votação do pedido de impedimento já apresentado.
Um dos pontos que mais chamaram atenção nos discursos foi a cobrança de posturas mais incisivas por parte de governadores, que se elegeram sob o espectro político da direita, mas que tem se mantido omissos quanto a esta pauta.
Adrilles Jorge, influencer e candidato a vereador, cobrou duramente o chefe do Executivo paulista, Tarcísio de Freitas, afirmando que “um líder político que não fala claramente que vivemos uma ditadura no Brasil é um covarde”.
O deputado Nikolas Ferreira, também presente, protagonizou uma interessante demonstração da força da união do povo, contra a ditadura: em determinado momento de seu discurso, pediu que apenas uma pessoa – situada bem a frente do palanque – gritasse “fora, Alexandre de Moraes”. Depois, pediu que mais umas vinte ou trinta pessoas exclamassem a mesma palavra de ordem e, finalmente, pediu que todo o público bradasse a mesma frase, mostrando de maneira quase didática que a união de todos é a força do povo.
Um dos momentos mais emocionantes do protesto ocorreu quando a filha de Clezão – morto pela ditadura por omissão de medicamentos – foi ao palanque falar, exclamando em lágrimas que o ministro Alexandre de Moraes havia “destruído seus sonhos, destruído sua família” e que Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, “é nosso funcionário, então nos obedeça!”. A fala foi de tal modo emocionante que mesmo a intérprete de Libras (linguagem de sinais para surdo-mudos) chorou.
O advogado e influencer, Marco Antônio Costa, um dos organizadores do evento, finalizou o mesmo, afirmando que ninguém se esquecerá de Clezão, bem como dos refugiados e expatriados tais como Allan dos Santos, Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e as centenas de brasileiros que buscaram abrigo e asilo político na Argentina.
Vale o comentário de que Marco Antônio esqueceu-se de citar o influencer Didi Redpill, que filmou todo o “imbroglio” do 8 de janeiro e foi obrigado a refugiar-se na Espanha. Seu canal foi um dos que transmitiram o evento de ontem, marcando índices altíssimos de audiência.
Do mesmo modo cabe reparos em pequeno trecho do discurso de Adrilles Jorge, quando ele afirma que “há 30 anos tínhamos democracia, podíamos dizer ‘fora FHC’, ou ‘fora Lula’ e hoje não podemos reclamar de um ministro do STF”. Na opinião deste analista, o querido poeta e influencer errou pois vivíamos em plena era do “teatro das tesouras”, denunciado pelo filósofo Olavo de Carvalho. A “liberdade democrática” concedida servia apenas para que protestássemos contra um ou outro lado da mesma esquerda, que subiu ao poder após a redemocratização e, do mesmo, jamais saiu.
Para completar, também cabe a lembrança que o governador Tarcísio é, de formação, um militar e, portanto, impregnado do mais fundo positivismo tecnicista, burocratizante e – pior – sem muitas objeções à sua ideologia irmã de sangue, o comunismo. Talvez o simpático Adrilles tenha se esquecido deste detalhe.
Cabe ao leitor ponderar que, na realidade, jamais tivemos um governo realmente democrático – e muito menos conservador – no Brasil. O que vivemos sempre foi uma farsa, pesadamente aditivada pelo entorpecente televisivo gramsciano e, agora que finalmente acordamos, o consórcio comuno-globalista da narco-ditadura brasileira quer nos calar.
Esqueceremos tudo o que estamos passando? Pior: nos acostumaremos?
A democracia é o sistema político mais trabalhoso para o povo, pois tudo depende de sua eterna vigilância – principalmente sua liberdade. É preciso vigiar, fiscalizar, cobrar e mesmo protestar; tais atos devem ser diários, sem esmorecimento pois – como se diz na roça – “é o olho do dono que engorda o boi”.
Aos comodistas, preguiçosos, omissos ou covardes, recomenda-se uma boa ditadura: nela, nenhum trabalho terão – até porque nenhuns direitos serão concedidos.