Por Walter Biancardine (*)
Quem frequenta o X (antigo Twitter) como eu, certamente já viu postagens em que se conclama para que deixemos o governo Lula – e o próprio também – “sangrar” até o fim de seu mandato, alegando que a continuidade da atual sucessão de incompetências propositais fará com que o mesmo, ou seu indicado, leve clamorosa surra nas urnas.
Do mesmo modo, acreditam, os péssimos dias que o povo brasileiro terá de enfrentar até as vindouras eleições terá o dom de quebrar o “feitiço” enganador da esquerda sobre o eleitorado, desde os mais esclarecidos até os mais ignorantes.
Por outro lado, uma corrente oposta alerta para que não se caia nos argumentos acima, citando mesmo o velho da Virgínia – Olavo de Carvalho – o qual dizia que a miséria em nada ensina o cidadão, apenas o condiciona mais e mais às esmolas estatais e à submissão temerosa. Também advertem que a maioria das postagens dizendo “deixa sangrar” exibe inconfundível viés da turma do “xadrez 4D”, os mesmos pseudo-conservadores que incensavam João Dória em São Paulo, e que tudo não passa de manobra do sistema para permanecer no poder. Deste modo, exigem o imediato processo de impeachment contra Lula, independentemente de suas consequências.
A verdade é que ambas as vertentes tem razão e, paradoxalmente, também estão completamente erradas: se há uma verdade bem estabelecida é que é com a economia que se governam os povos; governos desastrosos neste aspecto sempre acabam por ser ejetados de seu lugar nas eleições imediatamente seguintes. Por outro lado, não é considerada nesta equação as características tipicamente brasileiras como Bolsa-Família, Vale-Gás, Vale-Transporte, Vale-Refeição e outros, que transformaram o salário em um “vale tudo” – e isso amansa o povo de renda mais baixa, fazendo com que fiquem, até, gratos por tais “auxílios” e permaneçam votando nos mesmos enganadores.
Os que exigem o impeachment imediato de Lula e citam Olavo de Carvalho também estão certos, mas erraram feio no quesito “alvo”. De nada adianta expulsar Lula de campo e assumir um Alckmin; do mesmo modo, nenhuma serventia terá qualquer processo de impedimento se o órgão máximo de julgamento – o STF, que inevitavelmente será acionado e participará do mesmo – encontra-se em fase terminal de corrosão pelo câncer esquerdo-globalista. Por óbvio que esta mesma e última observação também serve para invalidar toda e qualquer eleição neste país, já que auditar 5% das urnas é quase um deboche, a justificar a roubalheira usual.
A modesta opinião do autor destas linhas é que, sim, deve-se proceder a um impeachment – mas um processo conjunto ou em doses homeopáticas, desde que englobe a ejeção de Alexandre de Moraes do STF e do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
A presença do alcoólatra na Presidência é de pouca ou nenhuma importância: é preciso destruir o poder de nomes como Michel Temer, Kassab, José Dirceu e, por consequência, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Barroso, Gilmar Mendes, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, entre outros de menor envergadura. Este pequeno punhado de criminosos tem, em menos de duas dezenas de mãos, o poder absoluto sobre toda a nação brasileira e devem, o quanto antes, ser neutralizados e extirpados da vida pública.
Ao invés de gritar “deixa sangrar” ou “impeachment já”, que o povo brasileiro saia – furioso – às ruas para exigir a deposição de Rodrigo Pacheco e a abertura de processo de impeachment contra Alexandre de Moraes, com consequente CPI do STF.
É isso ou nada, pois o resto é apenas maquiagem, sem nenhum efeito prático em nossas misérias – atuais e futuras – cotidianas.
A única coisa que move políticos e poderosos é o medo do povo.
Aprendam.