Por William Saliba (*)
O Líbano, uma nação marcada por sua herança fenícia e por uma longa história de fragmentação política e religiosa, enfrenta uma crise complexa que ressoa além de suas fronteiras. Com mais libaneses vivendo no Brasil do que em sua terra natal e uma sociedade profundamente dividida, o país está sendo arrastado para o epicentro de conflitos que não refletem os desejos da maioria de seu povo.
O Líbano tem suas raízes na antiga civilização fenícia, famosa por suas contribuições ao comércio e à navegação. No entanto, a imagem do país hoje é muito diferente daquela dos tempos antigos. A nação, que já foi um próspero centro cultural e econômico, luta com cicatrizes profundas deixadas pela última guerra civil, uma ferida que ainda não cicatrizou completamente.
O atual cenário político libanês é um reflexo de sua complexa herança. Dividido entre cristãos, muçulmanos xiitas e sunitas, o país enfrenta um governo baseado em um frágil sistema de consenso. Isso leva a uma paralisia administrativa e a um agravamento das tensões internas. Em um extremo dessa divisão, o Hezbollah, um grupo militante com fortes laços com o Irã, exerce um controle significativo no sul do país, especialmente nas áreas próximas à fronteira com Israel.
O Hezbollah, conhecido por sua capacidade militar superior à do exército nacional libanês, é comumente classificado como um grupo terrorista. Seu envolvimento em ações militares contra Israel intensifica o estado de insegurança na região, empurrando o Líbano para o coração do conflito entre Israel e os extremistas Hamas e Hezbollah. Esta situação coloca o país em uma posição vulnerável, forçando-o a pagar um preço alto por um conflito que não reflete a vontade da maioria de sua população.
A população civil do Líbano, como a de Israel e Palestina, anseia por paz e estabilidade. As pessoas que buscam a convivência harmoniosa entre libaneses, israelenses e palestinos enfrentam uma realidade política que frequentemente não representa seus valores e desejos. Os libaneses em terras brasileiras, que vivem pacificamente com israelenses e palestinos, são um reflexo dessa aspiração por entendimento e coexistência pacífica.
A situação do Líbano serve como um lembrete contundente das complexidades do Oriente Médio e da necessidade urgente de soluções políticas que priorizem a paz e a unidade sobre a fragmentação e o extremismo.
É imperativo que a comunidade internacional e os líderes regionais reconheçam as aspirações da população civil e trabalhem para criar um ambiente onde o diálogo e a coexistência prevaleçam sobre o conflito.
Enquanto isso, o Líbano continua a navegar em um mar de desafios, sua história antiga e as cicatrizes do presente, que podem levá-lo a futuro incerto.
E com uma possível conta a pagar, que não é sua.
Jornalista profissional desde 1970, ganhador de vários prêmios de jornalismo, diretor do portal e apresentador do canal CARTA DE NOTÍCIAS