Por William Saliba
O setor público brasileiro atingiu um rombo recorde de R$ 1,128 trilhão até julho, o maior desde o início da série histórica em 2001. O déficit, que corresponde a 10,02% do PIB, aumentou em R$ 19,6 bilhões desde julho, refletindo a crescente fragilidade das contas públicas.
Em meio a esse cenário sombrio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar dos péssimos resultados econômicos, anunciou medidas como a distribuição de botijões de gás para 20 milhões de famílias até 2025 e a proposta de aumentar impostos para tentar equilibrar as finanças.
Os números divulgados pelo Banco Central são alarmantes. O déficit nominal do setor público consolidado, que inclui União, Estados, municípios e estatais, atinge patamares inéditos. Esse resultado negativo não só eleva a dívida bruta do Brasil a 78,5% do PIB, como também reflete a incapacidade do governo em controlar suas despesas e receitas. Em um contexto onde o pagamento dos juros da dívida pública continua a pesar pesadamente no orçamento, a situação fiscal torna-se cada vez mais insustentável.
Enquanto isso, o presidente Lula parece responder a essa crise com ações que podem ser mais simbólicas do que efetivas. A distribuição de botijões de gás, embora importante para as famílias de baixa renda, pode ser vista como uma medida eleitoreira, planejada para garantir popularidade em um período de crescente descontentamento, face a crescente inflação e desemprego.
Além disso, o aumento das alíquotas de impostos sobre lucros e juros pagos a acionistas visa arrecadar R$ 21 bilhões, mas não está claro se essa medida será suficiente para cobrir o imenso déficit ou se pode desencadear outros problemas econômicos, como desestímulo ao investimento privado e evasão fiscal.
O governo, portanto, se vê numa encruzilhada. De um lado, busca medidas imediatas para mitigar o impacto social da crise econômica; de outro, precisa lidar com um déficit crescente e uma dívida pública alarmante.
A proposta de aumentar impostos pode ser um passo necessário para tentar alcançar a meta de déficit zero, mas a eficácia dessa estratégia dependerá da capacidade do governo de implementar reformas mais profundas e de promover um ambiente econômico que estimule o crescimento sustentável.
O cenário fiscal do Brasil é preocupante e as recentes ações do governo parecem mais reativas do que proativas. Embora as medidas anunciadas possam oferecer algum alívio a curto prazo, elas não substituem a necessidade urgente de uma reforma fiscal abrangente.
O governo precisa equilibrar suas promessas populistas com estratégias sólidas para a recuperação econômica. Sem uma abordagem mais robusta, o risco é que a crise se agrave e os problemas fiscais se tornem ainda mais complexos.
O Brasil está em queda livre, num buraco sem fundo.