Ipatinga, cidade estratégica na Região Metropolitana do Vale do Aço, foi surpreendentemente omitida da agenda política de Jair Bolsonaro nesta semana. Apesar de ter sido uma parada habitual em suas visitas anteriores, o ex-presidente decidiu não incluir a cidade em seu roteiro, levantando especulações sobre uma possível discordância com a candidatura do atual prefeito, Gustavo Nunes, à reeleição.
A ausência de Ipatinga, além de destacar um possível descontentamento, abre espaço para o surgimento de novas opções no campo conservador, como o candidato coronel Edvanio Carneiro.
O fato de Bolsonaro ter enviado Nikolas Ferreira, deputado federal e conhecido aliado, para uma série de visitas políticas na região Leste de Minas, enquanto Ipatinga ficava de fora, chama atenção. A agenda do deputado mineiro, emissário do ex-presidente, incluiu paradas em João Monlevade, Governador Valadares e Teófilo Otoni, todos locais onde o apoio de Bolsonaro era esperado. A exclusão de Ipatinga, tradicionalmente uma cidade importante para o ex-presidente, sugere que a relação entre Bolsonaro e a política local está em frangalhos.
A especulação sobre o motivo dessa omissão é ampla. A hipótese mais comentada é a insatisfação de Bolsonaro com a candidatura de Gustavo Nunes pelo PL. Nunes, que busca a reeleição, parece ter enfrentado resistência interna dentro do partido. Essa resistência é atribuída à articulação da deputada federal Rosangela Reis, também do PL, em favor de Nunes. Apesar de se posicionar publicamente como alinhada com os valores conservadores, Rosângela tem demonstrado certa indiferença em relação às pautas da direita, o que pode ter contribuído para o distanciamento político.
Com o campo conservador sendo redefinido, o coronel Edvanio Carneiro, do partido Novo, surge até o momento como a única alternativa viável. Carneiro tem se apresentado como um candidato verdadeiramente alinhado com as pautas conservadoras e, ao contrário de Nunes, consegue captar a atenção do eleitorado que busca uma representação mais fiel às suas crenças políticas. Sua ascensão pode ser vista como uma resposta ao vácuo deixado pela ausência de apoio explícito de Bolsonaro a Nunes.
A ausência de Ipatinga na rota de visitas de Bolsonaro não é apenas um detalhe logístico, mas sim um sinal claro das turbulências internas no PL e das disputas por hegemonia dentro do campo conservador.
Nesse quadro, Edvanio pode ser aquinhoando os votos do eleitorado conservador “atento”– aqueles que não compram gato por lebre.”