Por William Saliba
Com muito pesar volto ao assunto do Líbano, não pelo fato de ser a terra dos meus avós, mas pelo drama que a população do país vive no momento. O maior país cristão do Oriente Médio se transforma no principal alvo da escalada do conflito no Oriente Médio.
Israel intensificou seus ataques aéreos contra a cidade histórica de Tiro, no sul do Líbano, nesta segunda-feira (28/10), após emitir alertas de evacuação para a população local. Os bombardeios resultaram em ao menos sete mortes e causaram destruição significativa na cidade milenar, considerada patrimônio histórico da humanidade pela Unesco.
A ofensiva militar atingiu áreas residenciais e a região costeira da cidade, que abriga mais de 135 mil habitantes. Uma densa nuvem de fumaça encobriu Tiro após sucessivas ondas de ataques, que segundo a Agência Nacional de Notícias do Líbano, tiveram como alvo inicial um complexo residencial.
Correspondentes internacionais presentes na região classificaram os bombardeios como “alguns dos mais pesados já registrados na área”. De acordo com testemunhas, os ataques atingiram o coração da Cidade Velha, uma área histórica que preserva mais de cinco mil anos de história ininterrupta desde o período fenício.
A antiga cidade, citada em vários livros da Bíblia, já está sob ataque há quase uma semana.
A escalada militar é interpretada como uma estratégia israelense para pressionar o governo libanês a conter as ações do Hezbollah na região. Embora Tiro não seja conhecida como um reduto tradicional do grupo, a cidade possui forte presença da comunidade muçulmana xiita, além de uma significativa população cristã.
Em resposta aos ataques, o Hezbollah intensificou seus bombardeios contra o norte de Israel. Segundo as Forças de Defesa Israelenses, aproximadamente 115 projéteis foram lançados contra território israelense somente na segunda-feira, com cerca de 30 foguetes atingindo as regiões da Galileia Ocidental e Superior.
Enquanto o governo libanês, fragilizado desde a guerra civil, permanece inerte frente à presença do Hezbollah em grande parte do território, os civis, que não têm participação no conflito, sofrem. Vítimas e testemunhas desta violência crescente, eles lamentam as perdas humanas e culturais que atingem a sua história e a sua identidade.
Que o mundo não fique omisso ao sofrimento de um povo e o sacrifício de um patrimônio histórico universal.
E que a paz encontre seu caminho sobre as ruínas de Tiro.