Por William Saliba
Quem imaginaria? Um dos maiores ícones da cultura progressista, conhecido por conduzir sua empresa sob uma ótica essencialmente “woke”, agora está ao lado de forças conservadoras. Mark Zuckerberg, CEO da Meta – dona de Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads –, protagonizou uma das mudanças mais surpreendentes da recente história política e empresarial ao declarar apoio ao futuro governo de Donald Trump.
O encontro realizado ontem, 27 de novembro, na propriedade de Trump em Mar-a-Lago, foi confirmado pelo conselheiro republicano Stephen Miller e marca um ponto de inflexão na relação entre o Vale do Silício e o Partido Republicano. Durante a reunião, Zuckerberg descreveu Trump como “um agente de mudança e prosperidade” e expressou seu desejo de se engajar diretamente nesse novo cenário político. “Quero fazer parte disso”, afirmou o executivo, em tom que surpreendeu até mesmo analistas mais experientes.
Essa guinada de Zuckerberg reflete um movimento mais amplo entre os líderes do setor tecnológico. Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, já havia rompido com o alinhamento tradicional do Vale do Silício ao se declarar abertamente a favor dos republicanos. A aproximação dessas grandes figuras com a agenda conservadora contrasta com a histórica conexão entre as big techs e o Partido Democrata.
A Meta, enquanto império digital de alcance global, representa um poder que transcende fronteiras e molda discussões culturais e políticas. A mudança de postura de Zuckerberg pode não apenas influenciar a regulamentação tecnológica nos Estados Unidos, mas também redefinir a dinâmica das próximas eleições. Seu apoio a Trump sinaliza uma possível reconfiguração das alianças entre as gigantes tecnológicas e as forças políticas tradicionais.
Especialistas interpretam esse movimento como um sintoma de transformações mais profundas. O setor tecnológico, outrora um bastião de políticas progressistas, parece estar realinhando seus interesses em resposta a mudanças regulatórias, econômicas e culturais.
Enquanto isso, prossegue, em Brasília o teatro das tesouras, em seu segundo dia de audiência na suprema corte brasileira, para discutir a regulação da livre manifestação de pensamento nas redes sociais.
Para o mundo e para o Brasil, a mensagem é clara: os ventos do Norte estão mudando de direção, e sua chegada aqui pode trazer impactos ainda difíceis de prever.
Só nos resta aguardar para ver.
(*) William Saliba, diretor do Carta de Notícias, atua no jornalismo profissional há 54 anos.