O dólar americano atingiu novo recorde histórico nesta terça-feira (17), chegando a R$ 6,207, em meio a crescentes preocupações com o cenário fiscal brasileiro. Mesmo após duas intervenções do Banco Central no mercado cambial, a moeda manteve forte tendência de alta.
A disparada ocorre em um momento crítico para a agenda econômica do governo, que precisa aprovar medidas de contenção de gastos até sexta-feira, antes do recesso parlamentar. A ausência do presidente Lula, que se recupera de uma cirurgia em São Paulo, tem dificultado as articulações políticas necessárias para a aprovação do pacote fiscal.
O Banco Central tentou conter a alta realizando dois leilões de dólares à vista, vendendo um total de 2,015 bilhões de dólares. No entanto, as intervenções tiveram efeito limitado no mercado. Na véspera, a moeda já havia encerrado o pregão em R$ 6,092, estabelecendo o maior valor nominal de fechamento da história.
A ata da última reunião do Copom, divulgada hoje, também influenciou o mercado ao apontar uma deterioração em componentes importantes que afetam a política monetária, como câmbio e inflação. O documento destacou que a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal do governo impactou significativamente os preços dos ativos.
O cenário internacional adiciona complexidade ao quadro, com os mercados aguardando a decisão do Federal Reserve sobre juros americanos, prevista para esta quarta-feira. A expectativa é de que o banco central americano reduza as taxas em 0,25 ponto percentual, mas os investidores estão especialmente atentos às projeções para 2025.
Analistas do mercado financeiro avaliam que a volatilidade deve permanecer elevada nos próximos dias, especialmente devido ao prazo apertado para a votação das medidas fiscais no Congresso. A indefinição sobre a aprovação do pacote de contenção de gastos continua sendo o principal fator de pressão sobre a moeda brasileira.