A Caixa Econômica Federal implementa, a partir desta sexta-feira, 1º de novembro, mudanças significativas nas regras de financiamento imobiliário, tornando mais rigoroso o acesso ao crédito habitacional. As novas diretrizes elevam o valor mínimo de entrada e reduzem o percentual financiável dos imóveis.
Segundo a Agência Brasil, a Caixa, responsável por 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil, aumentou a exigência de entrada no sistema SAC de 20% para 30% do valor do imóvel. Para contratos no sistema Price, o percentual sobe ainda mais, passando de 30% para 50%. Além disso, estabeleceu-se um teto de R$ 1,5 milhão para avaliação dos imóveis em todas as modalidades do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
A instituição justifica as alterações devido ao alto volume de crédito concedido em 2023, que deve ultrapassar o orçamento previsto para 2024. Nos primeiros nove meses deste ano, a Caixa liberou R$ 175 bilhões em financiamentos habitacionais, representando um crescimento de 28,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
As novas regras não afetarão os empreendimentos já financiados pelo banco, mantendo as condições anteriores para unidades habitacionais em construção. A Caixa também implementou restrições adicionais, vetando novos financiamentos para clientes que já possuam crédito habitacional ativo com a instituição.
O banco informou que busca soluções junto ao mercado e ao governo para expandir o crédito imobiliário no país, inclusive por meio de outros agentes financeiros. Em 2023, foram viabilizados 627 mil financiamentos de imóveis, com R$ 63,5 bilhões destinados especificamente ao SBPE nos primeiros três trimestres do ano.
FALTA DE RECURSOS
O aperto na concessão de crédito habitacional decorre do maior volume de saques na caderneta de poupança e das maiores restrições para as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), aprovado no início do ano. Caso não limitasse o crédito, a Caixa teria de aumentar os juros.
Segundo o Banco Central (BC), a caderneta de poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, com os correntistas retirando R$ 7,1 bilhões a mais do que depositaram. Esse também foi o terceiro mês seguido de retiradas. Outro fator que contribuiu para a limitação do crédito foi o aumento da demanda pelas linhas da Caixa, em meio à elevação das taxas nos bancos privados.
Ainda não está claro se as mudanças serão revertidas em 2025, quando o banco tiver novo orçamento para crédito habitacional, ou se parte das medidas se tornarão definitivas no próximo ano.