O recente ataque do Irã a Israel nesta terça-feira (1º) intensificou as tensões no Oriente Médio, gerando impactos econômicos que podem afetar o Brasil. Especialistas apontam que o aumento no preço do petróleo e a valorização do dólar são as principais preocupações para a economia brasileira.
O barril de petróleo subiu 5% no mercado internacional após o ataque iraniano, atingindo US$ 75. Esse aumento pode se refletir nos preços dos combustíveis no Brasil, principalmente gasolina e diesel. Helena Veronese, economista-chefe da B.Side, destaca que a entrada do Irã no conflito era o maior risco, dado seu papel como grande produtor de petróleo.
A instabilidade na região também provoca uma fuga de capitais dos países emergentes para o dólar, considerado uma moeda segura em momentos de crise. Emanuel Pessoa, especialista em Direito Internacional, explica que isso pressiona a cotação do dólar frente ao real, que já acumula alta de 12% este ano.
A combinação de combustíveis mais caros e dólar valorizado tende a impactar a inflação brasileira. Andréa Angelo, estrategista da Warren Investimentos, ressalta o peso da gasolina no IPCA, o índice oficial de inflação do país. Além disso, o aumento no preço do diesel afeta toda a cadeia logística, encarecendo produtos como alimentos.
Paulo Feldmann, professor da FIA Business School, compara a situação atual com a pandemia de Covid-19, quando problemas de produção e escoamento de matérias-primas essenciais elevaram os preços de diversos produtos. Ele alerta que crises no setor petrolífero decorrentes de conflitos no Oriente Médio não são incomuns.
Apesar dos desafios, há fatores que podem amenizar os impactos no curto prazo. Andréa Angelo menciona que os preços dos combustíveis no Brasil apresentam uma defasagem em relação ao mercado internacional, o que pode permitir que a Petrobras segure aumentos por algum tempo.
No entanto, Helena Veronese adverte que guerras têm características inflacionárias, afetando a distribuição de produtos importantes globalmente. Quanto mais longo o conflito, maior a pressão sobre os preços.
O cenário econômico brasileiro já enfrenta incertezas internas, especialmente quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. A escalada do conflito no Oriente Médio adiciona mais uma camada de complexidade a esse quadro, exigindo atenção redobrada das autoridades econômicas e dos agentes de mercado.
Enquanto o mundo observa atentamente os desdobramentos no Oriente Médio, o Brasil se prepara para enfrentar possíveis turbulências econômicas. A capacidade de adaptação e a implementação de medidas preventivas serão cruciais para mitigar os impactos negativos e manter a estabilidade econômica do país.