O Ibovespa fechou a segunda-feira com queda de 0,7%, atingindo 131.816 pontos, refletindo a abertura da curva de juros, o que prejudicou, principalmente, o desempenho de ações de empresas mais cíclicas. Entre os destaques, Azul (AZUL4) subiu 4,9%, impulsionada pela notícia de que a empresa continua em negociações para otimizar sua estrutura de capital. Já o principal destaque negativo foi Assaí (ASAI3), que caiu 8,0% após a companhia receber um termo de arrolamento no valor de R$ 1,3 bilhão da Receita Federal.
Cenário macroeconômico e curva de juros
As taxas futuras de juros no Brasil tiveram uma forte abertura na segunda-feira, com os contratos de DI apresentando altas significativas ao longo da curva. O DI jan/25 fechou em 11,005% (+0,3bp), DI jan/26 em 12,325% (+5,1bps) e DI jan/29 em 12,49% (+11,8bps). Esse movimento ocorreu apesar do déficit fiscal de R$ 21,4 bilhões, que ficou em linha com as expectativas de mercado, mas gerou uma percepção de piora fiscal, aumentando o prêmio de risco. Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou uma possível redução de 25bps na taxa de juros nas próximas reuniões, afetando os rendimentos dos títulos do Tesouro americano.
Mercados globais
Os mercados internacionais começam a semana com direções mistas. Nos EUA, os futuros de Wall Street operam sem tendência definida, após um desempenho positivo em setembro. Na Europa, as bolsas sobem, impulsionadas por um CPI abaixo da meta do Banco Central Europeu, enquanto na Ásia, as bolsas operam majoritariamente em alta, mas com liquidez reduzida devido a um feriado na China.
Expectativas para a semana: dados econômicos dos EUA e Zona do Euro
O foco do mercado para esta semana está no relatório de emprego dos EUA, que será divulgado na sexta-feira (4). Antes disso, os dados do JOLTs e o PMI de manufatura de setembro dos EUA trazem importantes indicativos sobre o mercado de trabalho e a atividade industrial americana. Na Zona do Euro, o PMI de manufatura apresentou leve queda, ficando em 45 pontos, abaixo da zona de neutralidade, mas superando as expectativas de mercado. A inflação ao consumidor na região também trouxe uma surpresa positiva, ficando abaixo da meta de 2% do BCE pela primeira vez em três anos, o que reforça a tendência de desinflação.
Impactos no câmbio e perspectiva para o dólar
O dólar recuou para R$ 5,45, em contraste com o valor de R$ 5,60 no início de setembro, após as decisões de política monetária nos EUA e Brasil. A combinação de uma Selic elevada no Brasil e a sinalização de cortes de juros pelo Fed nos EUA continua atraindo fluxos de capital para os ativos brasileiros.
Commodities e petróleo
Os contratos futuros de petróleo operam em queda, com o mercado de olho em um possível aumento da produção pela OPEP+, o que pode pressionar ainda mais os preços no curto prazo.
O cenário econômico global continua desafiador, e as próximas divulgações de dados econômicos tanto nos EUA quanto na Europa serão determinantes para os rumos do mercado financeiro e das decisões de política monetária nos principais blocos econômicos.