A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo subiu para 429,5% ao ano em junho, um aumento de 7,1 pontos percentuais em relação a maio. Esses dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (26), evidenciando um cenário preocupante para as famílias brasileiras.
De acordo com a Agência Brasil, em um ano, a taxa caiu 6,3 pontos percentuais. O crédito rotativo, utilizado quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura do cartão, tem as maiores taxas do mercado. Desde janeiro, uma nova lei limita os juros do rotativo a 100% da dívida, mas essa medida não afeta os contratos antigos, mantendo a estatística de junho inalterada.
Após 30 dias, bancos parcelam a dívida do cartão. Nesse cenário, os juros do crédito parcelado caíram 5,4 pontos percentuais no mês e 15,6 pontos percentuais em 12 meses, fixando-se em 180,5% ao ano. O crédito pessoal não consignado também teve impacto, recuando 6 pontos percentuais para 87,8% ao ano, enquanto o cheque especial subiu para 135% ao ano, um aumento de 3,1 pontos percentuais.
A taxa média de juros para pessoas físicas em crédito livre foi de 51,7% ao ano em junho, uma queda de 0,7 ponto percentual no mês e de 7,4 pontos percentuais em 12 meses. Para empresas, a média foi de 20,9% ao ano, com pequeno aumento mensal de 0,3 ponto percentual e redução de 1,9 ponto percentual em um ano.
O crédito com recursos livres, que inclui pessoas físicas e jurídicas, apresentou taxa média de 39,6% ao ano, com decréscimos de 0,3 ponto percentual no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses. No crédito direcionado, cujas regras são definidas pelo governo, a taxa média para pessoas físicas foi de 10,1% ao ano, e para empresas, 12,4% ao ano.
No total, a taxa média de juros das concessões de crédito ficou em 27,86% ao ano em junho, uma redução de 0,42 ponto percentual no mês e de 3,8 pontos percentuais em 12 meses. O aumento dos juros bancários médios ocorre enquanto a taxa Selic, utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, foi mantida em 10,5% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), interrompendo um ciclo de cortes que vinha desde agosto do ano passado.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, a Selic subiu 12 vezes consecutivas, em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. O ciclo de aperto monetário, que elevou a taxa para 13,75% ao ano, foi seguido por cortes à medida que a inflação foi controlada. A Selic, que chegou ao histórico mínimo de 2% ao ano durante a pandemia, foi usada para estimular a economia, permanecendo nesse patamar de agosto de 2020 a março de 2021.
O volume total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) chegou a R$ 585,9 bilhões em junho, um aumento de 2,4% no mês e de 9,3% em 12 meses. O estoque de empréstimos concedidos pelos bancos atingiu R$ 6,018 trilhões, com crescimento de 1,2% em relação a maio e de 9,9% em 12 meses. Esse aumento foi impulsionado pelo crédito às empresas, que subiu 2,2%, e pelo crédito destinado às famílias, que cresceu 0,6%.
O crédito ampliado ao setor não financeiro, que abrange empresas, famílias e governos, alcançou R$ 17,410 trilhões, uma alta de 2,2% no mês. O aumento foi puxado pelo crescimento de 5% nos empréstimos externos, 1,7% em títulos públicos de dívida e 1,1% nos empréstimos do SFN.