Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira (5) e quarta-feira (6). A previsão está no Boletim Focus desta segunda-feira (4), pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com a expectativa para os principais indicadores econômicos.
De acordo com a Agência Brasil, a decisão reflete a preocupação crescente com o cenário inflacionário, que apresenta sinais de deterioração nas últimas semanas. O mercado financeiro já projetava esse movimento, conforme indicado no último Boletim Focus, que também elevou as expectativas de inflação para 4,59% este ano, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
O impacto dessa elevação deve ser sentido em diversos setores da economia. O crédito mais caro tende a desaquecer o consumo e os investimentos, afetando desde o financiamento imobiliário até o crédito pessoal. Para as empresas, o cenário indica maior cautela nos planos de expansão e possível redução nas contratações.
A pressão inflacionária que motivou a alta dos juros tem múltiplas origens. O aumento nas tarifas de energia elétrica, a valorização do dólar frente ao real e as incertezas no cenário internacional contribuíram para a deterioração das expectativas. O IPCA acumula alta de 4,42% nos últimos 12 meses, pressionando o BC a adotar uma postura mais conservadora.
Analistas do mercado financeiro já projetam que a Selic deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano, com possível nova alta na última reunião do Copom em dezembro. Para 2025, a expectativa é de manutenção dos juros em patamar elevado, com projeção de 11,5% ao ano, sinalizando um período prolongado de política monetária restritiva.
O cenário desafiador contrasta com o crescimento surpreendente do PIB, que deve fechar 2024 com expansão de 3,1%, segundo projeções do mercado. No entanto, o aperto monetário pode impactar negativamente esse desempenho nos próximos trimestres, especialmente considerando que o dólar deve permanecer valorizado, com cotação projetada em R$ 5,50 no fim do ano.