A inclusão de pessoas surdas no sistema educacional brasileiro ainda representa um grande desafio. No entanto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem desempenhado um papel crucial na superação dessas barreiras, permitindo avanços significativos na integração e no desenvolvimento desses estudantes.
Agora, imagine ir além da sala de aula e transformar um aluno surdo em atleta de judô. Foi exatamente isso que conseguiu a professora Sara Cristina da Penha Viana, da Escola Municipal Hugo Duarte Coutinho, localizada no bairro Canaã, em Ipatinga, Minas Gerais.
Ex-atleta e competidora, Sara aproveitou a estrutura oferecida pelo regime de Tempo Integral implantado em 2023 para ensinar judô a um aluno surdo da rede municipal de ensino. A iniciativa não apenas aproximou a criança do esporte, mas também reforçou valores como disciplina, confiança e superação, marcando um exemplo inspirador de inclusão e inovação pedagógica.
A dedicação da professora Sara reflete o impacto transformador que o esporte e a educação inclusiva podem ter na vida dos estudantes, demonstrando que a integração plena é possível quando existem comprometimento e criatividade por parte dos educadores. O trabalho faz parte de um estudo que Sara já desenvolve como pesquisa na área. A iniciativa deu tão certo que virou relato em congressos da área esportiva.
Sara levou sua experiência para o 1º. Congresso Nacional de Educação Física 2024 (Conefi), realizado em formato virtual entre 25 e 27 de novembro. Ela apresentou o artigo intitulado “A inclusão de uma aluna surda nas aulas de judô escolar da rede pública municipal: Relato de experiência”.
A ação foi considerada um “case de sucesso” para os organizadores, que concederam a Sara uma Menção Honrosa pelo trabalho. “Este reconhecimento destaca a dedicação e o esforço excepcionais investidos na pesquisa. Parabéns por essa conquista incrível”, publicou a organização do 1º Conefi.
Sara diz que a inclusão foi uma descoberta em sua vida e impulso para fazer ainda melhor o seu ofício. “Eu me realizo dentro da inclusão. Não tem preço! Não tem alegria melhor vê-los rompendo barreiras. Esse trabalho foi um prêmio pra mim. Fui construindo juntamente com a aluna a melhor forma de aprendizado. Foi um processo feito passo a passo. Nós construímos juntos essa relação”, disse.
Sara foi aluna da rede pública municipal e acredita que o reconhecimeto de seu trabalho renderá bons frutos para toda a rede de educação.O reconhecimento ao trabalho da professora Sara também virou “case” para a rede municipal de Ipatinga e está sendo divulgado em todas as escolas sob a supervisão da Secretaria Municipal de Educação.
O judô está incluído entre as disciplinas do Ensino de Tempo Integral desde 2021, mas a experiência com uma aluna surda é novidade e partiu da proatividade da professora, como descreve a secretária municipal de Educação, Patrícia Avelar: “Ela enxergou a oportunidade de incluir. Ela viu que poderia fazer a diferença na vida daquela criança e dedicou amor e tempo às aulas de judô, que já ministrava aos alunos, para aquela criança em especial. Isso transforma vidas e faz da inclusão uma realidade prática, viva e palpável. Ficamos muito orgulhosos e esperamos que a iniciativa da professora Sara seja pra todos mais um nobre exemplo de inclusão”, disse.