Em meio a sucessivas crises no setor energético, o governo cubano determinou novas regulamentações para o uso de energia elétrica no país, incluindo a proibição de empresas manterem aparelhos de ar-condicionado em temperaturas inferiores a 24°C. A medida foi publicada na última terça-feira (26), por meio de decreto assinado pelo primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz.
As novas regras afetam principalmente grandes consumidores de energia, definidos como empresas que utilizam mais de 30 megawatts-hora mensais ou 50 mil litros de combustíveis por ano. Estes estabelecimentos terão até 2027 para gerar, por conta própria, ao menos 50% da energia que consomem durante os horários de pico, que vão das 11h às 13h e das 17h às 21h.
O decreto estabelece que as empresas devem investir em fontes renováveis, como energia solar e eólica. Caso não disponham de estrutura física para instalação dos equipamentos, serão obrigadas a firmar contratos com parques solares administrados pelo governo cubano.
A decisão surge após uma série de três grandes apagões que atingiram a ilha no último mês. O mais grave ocorreu em 18 de outubro, quando uma falha na central termoelétrica Antonio Guiteras deixou cerca de 10 milhões de pessoas sem energia elétrica, levando ao fechamento de escolas e à paralisação de serviços públicos.
As multas para o descumprimento das novas regras podem chegar a 15 mil pesos cubanos para empresas privadas e 2,5 mil pesos para gestores de instituições públicas. Além da regulação da temperatura do ar-condicionado, o decreto exige a manutenção regular dos equipamentos de climatização, incluindo limpeza de filtros, evaporadores e condensadores.
A infraestrutura energética cubana, que depende de oito antigas termoelétricas frequentemente avariadas, encontra-se à beira do colapso. O país enfrenta sua pior crise em três décadas, com escassez generalizada de recursos essenciais e frequentes interrupções no fornecimento de energia que prejudicam severamente as atividades produtivas da ilha.