Em uma decisão que abalou a estabilidade política da Coreia do Sul, o presidente Yoon Suk-yeol decretou lei marcial nesta terça-feira (3), suspendendo liberdades civis e proibindo atividades políticas no país. A medida drástica ocorre em meio a intensos conflitos com a oposição no Parlamento.
O decreto presidencial, anunciado em pronunciamento surpresa em rede nacional, foi justificado como necessário para “proteger a livre República da Coreia” de supostas ameaças norte-coreanas. No entanto, a decisão provocou forte reação da oposição, que acusa Yoon de tentativa de golpe.
O Comando de Lei Marcial, estabelecido pelo governo, determinou restrições imediatas às liberdades civis e atividades políticas. Soldados já bloqueiam o acesso ao Parlamento, onde o líder oposicionista Lee Jae-myung foi impedido de realizar uma reunião de emergência com seu partido.
A crise política se intensifica num momento delicado para o país. Com apenas 19% de aprovação popular, segundo pesquisa recente do instituto Gallup Korea, Yoon enfrenta resistência do Congresso, controlado pela oposição, que detém 170 das 190 cadeiras contrárias ao governo.
A tensão também afeta a economia sul-coreana. A Bolsa de Seul pode não abrir nesta quarta-feira (4), e a moeda local, o won, já registra desvalorização frente ao dólar. O cenário preocupa especialmente por ocorrer em um período de crescentes tensões com a Coreia do Norte.
Os Estados Unidos, principal aliado sul-coreano, informaram estar “monitorando a situação”. A medida surpreende por seu caráter extremo, considerando que o país mantém uma democracia estabelecida desde 2002, após um longo período de governos militares e autoritários encerrado em 1987.
A decisão do presidente também causa apreensão no cenário geopolítico regional, especialmente devido às recentes aproximações entre Coreia do Norte e Rússia, que firmaram acordo de defesa mútua, e ao papel estratégico da Coreia do Sul na política americana de contenção da China na região do Pacífico.