Por Edmundo Polck Fraga (*)
Belo Horizonte foi palco, no último dia 18 de agosto, do BH Stock Festival, um evento que atraiu mais de 30 mil pessoas e injetou aproximadamente R$ 200 milhões na economia local. Os organizadores já planejam transformar o festival em uma tradição anual para os próximos quatro anos, com uma expectativa de movimentar mais de R$ 1 bilhão e gerar cerca de 2 mil empregos diretos por ano.
Ao refletir sobre o sucesso do BH Stock Festival, me pergunto sobre as inúmeras manifestações culturais e esportivas realizadas aqui no Vale do Aço, muitas vezes organizadas com grande esforço por entusiastas locais, mas frequentemente ignoradas por administrações anteriores. Um simples olhar para nosso histórico de eventos revela um patrimônio cultural que, com o passar do tempo, acabou se perdendo, sobrevivendo apenas na memória e nas fotografias.
Imediatamente, vêm à mente as imagens das memoráveis escolas de samba Quitandinha, Bocas Brancas e Vai Quem Quer, que desfilavam na Alameda, em Timóteo, atraindo multidões de todo o leste de Minas Gerais. Como fundador e ex-presidente do Kart Clube Ipatinga (KCI), sinto saudades dos Campeonatos Brasileiros de Kart realizados no Kartódromo Emerson Fittipaldi, que contribuíram significativamente para a economia local, lotando hotéis, shoppings, postos de combustível e táxis, além de aumentar o tráfego de aeronaves particulares no aeroporto de Santana do Paraíso.
Como cidadão do Vale do Aço, testemunhei o surgimento de inúmeras manifestações religiosas, culturais e esportivas, como a Feira Paz, que infelizmente desapareceram com o tempo. As lembranças do Festival de Rock UAI 2 no Ipatingão, dos campeonatos brasileiros de atletismo e das competições de judô na Usipa permanecem vivas na memória de quem participou desses momentos.
Agora, imagine um Vale do Aço unido, com um calendário único e bem distribuído de eventos, promovendo anualmente o turismo de eventos, esportivo, religioso e cultural. Nossos governantes precisam reconhecer que, para cada R$ 10 investidos em eventos, o retorno para os cofres públicos pode ser dez vezes maior. Em 2018, a indústria de eventos no Brasil movimentou cerca de R$ 854 bilhões, representando 13% do PIB nacional, segundo dados do Sebrae e do Ministério do Turismo.
Com as eleições se aproximando, é crucial que escolhamos dirigentes “visionários”, capazes de pensar fora da caixa e perceber que o Grande Vale do Aço não é apenas um produtor de aço ou celulose. Temos potencial para muito mais: temos maturidade, criatividade e alma para criar emoções, cultura e lazer.
“A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer…”
(Titãs – Comida)