Um estudo recente da Sólides, empresa especializada em tecnologia para gestão de pessoas para pequenas e médias empresas (PMEs), apontou que mais 90% dos profissionais concordam que o desenvolvimento e retenção de funcionários são de responsabilidade de todos os gestores, e não apenas da área de Recursos Humanos (RH).
Para a Sólides, as empresas no Brasil estão vivendo uma crise na relação de trabalho com o seu colaborador. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Brasil possui a maior taxa de rotatividade do mundo: 51,3%.
Já o levantamento da consultoria de recrutamento Michael Page com candidatos a vagas de emprego revelou que oito em cada dez profissionais pedem demissão por causa do chefe. Além disso, o desempenho abaixo do que se espera de um líder é o principal motivo tanto por quem pede demissão, como por quem está desanimado no emprego. Ou seja, para43% das pessoas, um escritório ruim é pior que falta de reconhecimento, de um plano de carreira ou de protagonismo.
Os dados corroboram a importância de um líder no ambiente trabalho. Segundo a mentora e treinadora de líderes e equipes de alta performance, Édila Taís, fundadora e CEO do Rhema Desenvolvimento Humano e Organizacional, o fator mais importante para a segurança psicológica de uma equipe é a existência de um clima positivo que garante a segurança psicológica de todos.“Um lugar em que todos valorizam as colaborações uns dos outros, se preocupam com o bem-estar do próximo e expressam suas contribuições e dúvidas para realizar seu trabalho”, explica.
Para Édila Taís, mestre e doutora em Educação e Psicanálise, com especializações em gestão e negócio, incluindo Psicologia Positiva, Gestão e Mediação de Conflitos, cabe ao líder criar esse ambiente de respeito e valorização, por meio do seu modelo de ações e atitudes, além do reforço aos comportamentos esperados da equipe. “Assim, estabelece clima favorável, mentalidades e comportamentos apropriados em suas equipes”, ressalta.
E até que ponto o perfil desse líder impacta a saúde mental dos colaboradores? Na opinião da consultora, esse impacto é tão grande, que uma pesquisa realizada pelo Workforce Institute, da UKG, empresa de tecnologia com soluções de RH, relata que as lideranças impactam 69% a saúde mental dos colaboradores. Isso corresponde ao mesmo impacto causado por um cônjuge ou parceiro amoroso e está acima do causado por terapeutas, que é 41%.
Édila Taís considera um número alto, um sinal para alertar sobre a necessidade que as lideranças têm de entender que atitudes podem adoecer ou florescer as pessoas.
O primeiro passo, destaca, é que o líder não pode mais pensar que o tema da saúde mental, bem-estar e felicidade dos colaboradores não é sua responsabilidade. É preciso repensar seus comportamentos e ações para causar um resultado positivo nos colaboradores.
Neste sentido, observa Édila Taís, é importante buscar ser empático, estabelecer expectativas realistas, reconhecer e valorizar seus liderados e estar atento aos sinais de problemas emocionais.
O líder não nasce pronto. Alguns têm perfis que facilitam, mas esse ser que conduz outros seres é construído por meio de autoconhecimento, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e competências técnicas, disposição e coragem para fazer diferente; pensar no grupo e não em si. “Ao cuidar da saúde mental de seu time, o líder cria um ambiente de trabalho mais produtivo e feliz”, conclui.