Por Natália Brito (*)
É fundamental entender que a beleza de um espaço não reside apenas na escolha dos objetos, mas também na sua disposição e na harmonia entre eles. Ao ignorar aspectos como dimensões, estilos e cores, corremos o risco de criar um ambiente visualmente poluído e sem identidade. Portanto, repensar a forma como decoramos nossos lares é uma necessidade urgente se quisermos espaços verdadeiramente harmoniosos.
Um dos maiores erros na decoração de interiores é fazê-lo sem planejamento. O uso de estampas, por exemplo, deve ser intencional. Embora padrões ousados possam dar vida a um cômodo, a saturação deles pode comprometer o resultado final.
A chave é encontrar um equilíbrio: uma estampa marcante pode servir como um ponto focal, mas deve coexistir com elementos mais neutros que suavizam o visual. O mesmo se aplica a temas decorativos; um quarto temático pode ser divertido, mas o exagero pode torná-lo brega. Um toque sutil aqui e ali é o que garante sofisticação.
Outro aspecto a ser considerado é a escolha dos quadros. Expor obras de arte ou fotos é uma excelente maneira de personalizar um ambiente, mas quadros compostos por imagens genéricas e produzidas em massa podem transmitir uma impressão de superficialidade. Optar por peças com significado pessoal ou obras de artistas locais traz autenticidade e história ao espaço.
As cortinas também desempenham um papel crucial na estética do ambiente. Cortinas mal dimensionadas podem arruinar qualquer decoração. Pendurar as cortinas acima da janela e evitar modelos muito curtos são cuidados que fazem toda a diferença. Além disso, é essencial optar por materiais de qualidade e adequar o tipo de acabamento aos cômodos escolhidos.
A questão dos acabamentos não deve ser subestimada. Métodos como pinturas temáticas, texturas com movimentos e adesivos podem resultar em um efeito brega se não forem escolhidos com critério e harmonia.
Outro aspecto importante é a escolha de móveis prontos para montar; embora práticos, sua popularidade pode resultar em um ambiente sem personalidade. É vital escolher peças que refletem seu estilo pessoal e que sejam um pouco mais exclusivas.
Por fim, é preciso encontrar um equilíbrio entre estética e funcionalidade. Um espaço decorado deve ser visualmente agradável, mas também atender às necessidades do dia a dia. Uma casa que mais se parece com uma galeria de arte ou um escritório pode se tornar um lugar desconfortável e sem alma. A decoração deve ser um reflexo da vida que se leva.
Concluindo, a arte de decorar é uma combinação de escolhas conscientes e expressões pessoais. Para criar um lar que não apenas embeleza, mas também acolhe, é necessário um olhar atento às sutilezas. Menos é, muitas vezes, mais; um ambiente bem pensado, onde cada item possui seu lugar e significado, é o verdadeiro caminho para a harmonia e a beleza a longo prazo.
Natália Brito é arquiteta e professora mestre, com 15 anos de experiência na área de projetos e 12 anos dedicados à educação. Ela possui a Formação DAP (Desenvolvimento Avançado de Projetos) e é cofundadora da Arqcalc, uma startup de Precificação de Projetos. Através de plataformas digitais, mentora milhares de profissionais da Arquitetura e Design, ajudando-os a aprimorar suas práticas e gestão.