Por Walter Biancardine (*)
Muito se difunde atualmente, nos canais conservadores, a constatação que “a cada dia a Venezuela se parece mais com o Brasil” ou “o Brasil se parece cada vez mais com a Venezuela”.
Tal queixa provém da comparação entre os recentes acontecimentos na Venezuela, as ações governamentais e de seu Poder Judiciário, relativas aos manifestantes contrários ao sistema atual e também aos líderes oposicionistas. De imediato é feita a ligação com nosso 8 de janeiro, reações do Judiciário brasileiro e mesmo frases e expressões são rememoradas por conterem – tais como os fatos – semelhanças patentes.
As alegações primeiras dos conservadores é que ambos os governantes – Nicolás Maduro e Lula – seriam “ditadores” e, portanto, adotariam um modo de ação semelhante. Motivados apenas por esta causa, objetivariam somente a preservação de seus supostos poderes absolutos.
A resposta está errada por não apontar a causa primeira de tudo, simplificando o problema apenas em responsabilidades pessoais, argumentos “ad personam”.
Penso que a raiz do problema encontra-se fora do território brasileiro e talvez a última pessoa a desgastar-se em alertas sobre tal perigo tenha sido o falecido professor e filósofo Olavo de Carvalho, que insistentemente lembrava: “quem governa a maioria dos países da América Latina é o Foro de São Paulo” – e aqui deixo público que compartilho de sua opinião.
Vamos aos fatos: o Foro de São Paulo é, em tese, uma conferência de partidos e organizações de esquerda na América Latina e no Caribe, fundada em 1990 por iniciativa do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, pelas mãos de Luís Inácio Lula da Silva, e do então presidente cubano Fidel Castro. Alega-se a criação do Foro como resposta ao suposto “colapso” do bloco soviético e ao “avanço das políticas neoliberais na América Latina”, com o objetivo de reunir forças de esquerda para discutir – e impor – alternativas ao modelo econômico e político predominante na época.
O primeiro encontro desta organização ocorreu de 1 a 4 de julho de 1990 e contou com a presença de 48 organizações de 14 países, e todo brasileiro deve saber os integrantes verde-amarelos que lá estiveram:
– Partido dos Trabalhadores (PT)
– Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
– Partido Democrático Trabalhista (PDT)
– Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
– Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Alguns dos principais fundadores e membros de outros países incluem:
– Fidel Castro (Cuba), líder da Revolução Cubana e ex-presidente de Cuba
– Daniel Ortega, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) (Nicarágua)
– Evo Morales, do Movimiento al Socialismo (MAS) (Bolívia)
– Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) (El Salvador).
– Partido da Revolução Democrática (PRD) (México).
– Partido Comunista de Cuba (PCC).
Tal organização conseguiu, ao longo do tempo e de eficaz propagação gramscista de seus valores e ideias, eleger presidentes na maioria dos países da América Latina – os quais, disciplinados, obedecem a agenda preconizada pelo Foro (daí a semelhança entre as ações de seus governos) e que inclui, entre outras ambições, a criação da “Pátria Grande”, que seria a unificação de todos os países sul-americanos em uma única e socialista república, aos moldes da antiga União Soviética.
Este intento exigiria – além da aplicação das teses da Escola de Frankfurt (“destruição total de tudo, para que do caos surja algo novo e melhor”) – muito dinheiro, a fim de financiar campanhas eleitorais, comprar a boa vontade da grande mídia e de políticos, além do completo aparelhamento de todo o estamento burocrático e do sistema de ensino. E onde obter este dinheiro?
É sabido que o pensamento esquerdista não leva em conta os “decadentes valores morais da burguesia cristã” e, por isso, jamais houve escrúpulos em associarem-se ao crime. Tal fato é relatado pelo conhecido jornalista e escritor Fernando Gabeira, ao narrar em seu livro “O Que é Isso, Companheiro?” suas estreitas relações com criminosos, nas prisões onde esteve durante o regime militar.
Deste modo, não foi por mero acaso que Lula – sempre ele – trabalhou para que as FARC colombianas criassem um braço político oficial, instituindo um partido que, pasmem, exibe a mesma sigla porém com significado mais, digamos, “potável”.
Em 2016, após um acordo com o governo colombiano, as FARC incluíram em suas atividades um partido político, adotando o nome Fuerza Alternativa Revolucionaria del Común (mantendo a sigla FARC).
E assim, em um passe de mágica, o dinheiro infinito do tráfico internacional de drogas passou a abarrotar os cofres do Foro de São Paulo, bem como seus interesses criminosos foram acolhidos pelos políticos associados a tal entidade. Se hoje acusa-se a Venezuela e outros países de serem “narco-estados”, a origem de tal demanda está aí.
Mas não ficou somente nas FARC: o Cartel de los Soles é uma organização criminosa – também agindo no tráfico internacional de drogas – que atua na Venezuela, composta principalmente por altos membros das forças de segurança do país, incluindo oficiais militares. Há alegações e acusações de que membros do governo venezuelano, especialmente dentro das Forças Armadas, estão envolvidos em atividades de narcotráfico associadas a esse cartel.
Para sermos comedidos, diremos que o governo venezuelano, liderado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) – membro ativo do Foro de São Paulo – e algumas figuras políticas venezuelanas são suspeitas de envolvimento com o Cartel de los Soles, e isso levanta desconfianças de que possa haver uma sobreposição indireta de indivíduos entre as esferas políticas – Foro de São Paulo – e aquelas associadas ao cartel.
Deste modo temos uma organização internacional, financiada pelo crime e que elegeu os presidentes da maioria dos países do cone sul. Isso explica a semelhança nos modos de agir destes governos bem como a crescente suspeita de todos eles estarem – em maior ou menor grau – envolvidos com o tráfico internacional de drogas.
Se há alguma verdadeira intenção em mudar os destinos de nosso país, há que se declarar o Foro de São Paulo como uma organização terrorista, bem como fazer valer o que nossa lei já prescreve; como seja, a proibição de partidos políticos associarem-se a organismos internacionais – e tal lei jamais foi cumprida no Brasil.
Brasil, Venezuela, Colômbia, Bolívia e tantos outros estão, infelizmente, sob uma só e criminosa governança – que, sequer, está no país.
É hora de providências.