O presidente Lula da Silva (PT) desembarcou em São Vicente e Granadinas para participar da VIII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). As atenções, no entanto, estão voltadas para outra agenda do petista durante a viagem. Lula deve se encontrar com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta sexta-feira (1º).
A expectativa é que os dois presidentes discutam a realização das eleições presidenciais na Venezuela, previstas para serem realizadas até o final do ano. Conforme o Blog do Noblat, do Metrópoles, durante a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, a Brasília, o norte-americano sugeriu a Lula que o petista peça garantias ao aliado venezuelano de que as eleições acontecerão.
No fim de janeiro, a Suprema Corte venezuelana barrou a candidatura da líder da oposição ao presidente Nicolás Maduro, Maria Corina Machado. A ação resultou em novas sanções dos Estados Unidos contra o país latino.
No mesmo dia do encontro entre Lula e Maduro, o Parlamento venezuelano vai apresentar um documento ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com a proposta de 27 datas para a realização do pleito, além de outras diretrizes. O acordo contou com apoio de partidos e representantes de diferentes grupo políticos, econômicos, sociais, culturais, entre outros.
Em uma publicação nas redes sociais, Maduro comemorou e afirmou que o acordo vai garantir “eleições livres” no país. “Hoje temos um acordo amplo e inclusivo que incorporou todos os setores e garantirá que haja eleições livres, democráticas e inclusivas na Venezuela”, escreveu.
Em entrevista à imprensa após a assinatura do documento, o presidente da Assembleia Nacional [Poder Legislativo da Venezuela], Jorge Rodríguez, afirmou que a proposta substitui os Acordos de Barbados, assinados em outubro do ano passado.
Os documentos, elaborados com mediação da Noruega, previam a realização das eleições presidenciais ainda em 2024 e foram firmados em consenso com a oposição ao governo de Maduro. No final de janeiro, o presidente venezuelano alegou conspirações e declarou que os acordos estavam “feridos mortalmente” e em “terapia intensiva”.
ESSEQUIBO
Contrariando expectativas, o presidente Lula afirmou nessa quinta (29/2) que não levará a questão de Essequibo à mesa durante o encontro com Maduro. O petista se reuniu com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e garantiu que o tema também não foi abordado.
“Nós não discutimos a questão de Essequibo porque não era o momento de discutir. Era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, discutir investimento. Mas o presidente Irfaan sabe, como sabe o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a discutir com eles a hora que for necessário”, afirmou o presidente Lula em entrevista a jornalistas.
O petista disse que, da mesma forma, não discutiria com Maduro a questão “porque a reunião não é para isso. Eu vou discutir a Celac”, completou.
“A hora que eles quiserem marcar a reunião e o presidente Ralph [primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas], que é o coordenador, quiser marcar, o Brasil estará totalmente à disposição para participar”, ressaltou.
DISPUTA
Em novembro do ano passado, houve uma escalada na tensão entre Venezuela e Guiana, que disputam a região de Essequibo, rica em petróleo. Na ocasião, o Brasil se dispôs a mediar o conflito.
A disputa tem origem no século 19. À época, a Guiana era colônia britânica. O território ficou delimitado ao leste do Rio Essequibo, mas expandiu para a porção oeste da área, já parte da Capitania Geral da Venezuela (antigo nome).