As gigantes da tecnologia enfrentam um novo desafio estratégico que vai além de inovação e dados: a busca por energia. Com a explosão da inteligência artificial (IA) e a crescente dependência de data centers, empresas como Meta, Google, Amazon e Microsoft têm voltado os olhos para fontes de energia mais estáveis e autossustentáveis, e a energia nuclear surge como protagonista.
O consumo de energia dos data centers é alarmante. Um único centro pode consumir energia suficiente para abastecer centenas de milhares de residências diariamente. Com o avanço da IA, que exige infraestrutura de processamento ainda mais robusta, esse consumo está projetado para dobrar até 2030, podendo representar 9% da geração elétrica total nos Estados Unidos.
A Meta, por exemplo, anunciou recentemente um plano ambicioso de garantir entre 1 e 4 gigawatts de energia nuclear até o início da próxima década. A estratégia inclui financiar projetos nucleares, como pequenos reatores modulares (SMRs) e reatores maiores, garantindo contratos de longo prazo para viabilizar o investimento.
Em nota, a gigante explicou o projeto: “À medida que novas inovações trazem avanços tecnológicos impactantes em diversos setores e apoiam o crescimento econômico, acreditamos que a energia nuclear pode ajudar a fornecer uma energia estável, de base, para apoiar as necessidades de crescimento das redes elétricas que alimentam tanto nossos data centers (a infraestrutura física sobre a qual as plataformas da Meta operam) quanto as comunidades ao redor deles.”
Outras gigantes seguem caminhos semelhantes. O Google firmou parcerias com startups como Kairos Power para desenvolver reatores inovadores, a Microsoft quer reativar a usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, para abastecer seu desenvolvimento de IA, enquanto a Amazon tem investido em SMRs para assegurar operações em seus data centers sem comprometer as redes elétricas regionais.
Embora renováveis como solar e eólica tenham se mostrado promissoras, elas não são suficientes para atender às demandas críticas de processamento em tempo real. Essas fontes dependem de fatores externos (como sol e vento) e carecem da estabilidade exigida por operações contínuas. Por outro lado, as redes elétricas tradicionais enfrentam limitações, como evidenciado pela rejeição de expansões de data centers em regiões onde o risco de apagões seria ampliado.
A energia nuclear representa uma alternativa estratégica por sua capacidade de oferecer estabilidade e alta densidade energética. Além disso, novas tecnologias como os SMRs prometem menor impacto ambiental e custos mais competitivos. Contudo, desafios persistem, incluindo altos investimentos iniciais, regulamentações rigorosas e a necessidade de consenso público sobre segurança nuclear.
A adoção da energia nuclear pelas big techs evidencia uma transição crítica para um modelo energético mais resiliente e sustentável. À medida que essas empresas moldam o futuro digital, seu papel como impulsionadoras de inovação energética é inegável.
Essa corrida pela autossuficiência energética não é apenas uma questão de sobrevivência empresarial, mas também um marco no alinhamento entre progresso tecnológico e responsabilidade ambiental. Se o setor tecnológico conseguir liderar essa transição com transparência e eficiência, a energia nuclear pode ressurgir como uma solução essencial para os desafios energéticos do século XXI.