O Brasil registra um desperdício sem precedentes de vacinas desde janeiro de 2023, acumulando 58,7 milhões de doses descartadas e um prejuízo de R$ 1,75 bilhão aos cofres públicos. A situação alarmante reflete uma combinação de desafios logísticos e queda na adesão da população aos programas de imunização.
O ano de 2023 concentrou o maior volume de perdas, com aproximadamente 40 milhões de doses inutilizadas, resultando em prejuízo superior a R$ 1 bilhão. Em 2024, os números continuam preocupantes, com 18,8 milhões de doses já descartadas por vencimento.
O Ministério da Saúde atribui parte do problema a questões herdadas da gestão anterior, mas reconhece a necessidade de medidas urgentes. Entre as ações implementadas, destacam-se a entrega parcelada de vacinas e novos incentivos aos fornecedores para disponibilização de versões atualizadas dos imunizantes.
A baixa adesão às campanhas de vacinação agrava o cenário. Dados mostram que 80% da população ainda não tomou a segunda dose de reforço contra a Covid-19, contribuindo significativamente para o desperdício. O problema se estende a outros imunizantes do calendário nacional de vacinação.
Para enfrentar o desafio, o governo intensifica campanhas de conscientização sobre a importância da imunização. Especialistas alertam que o sucesso histórico do Programa Nacional de Imunizações paradoxalmente contribuiu para uma diminuição na percepção de risco das doenças preveníveis por vacina.
Os recursos desperdiçados poderiam ter sido aplicados em outras áreas críticas da saúde pública, como a aquisição de ambulâncias ou medicamentos essenciais. A situação demanda uma resposta coordenada entre gestão eficiente de estoques e estratégias eficazes de comunicação para recuperar a confiança da população na importância das vacinas.