O uso de fogos de artifício com estampidos em celebrações tem causado sofrimento a animais domésticos e silvestres, além de pessoas autistas e com sensibilidade sonora, mobilizando uma campanha nacional pela proibição desses artefatos. Projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional pretende vetar a fabricação e comercialização desses produtos em todo o país.
Pesquisa recente do Grupo Petlove revela que 72,7% dos animais domésticos tentam se esconder quando expostos aos barulhos de fogos, enquanto 58,1% ficam visivelmente assustados. O impacto é ainda maior em animais silvestres, que podem sofrer desorientação, abandonar ninhos e até morrer por ataques cardíacos causados pelo estresse.
Médicos veterinários alertam que os animais possuem audição muito mais sensível que humanos, captando frequências sonoras mais altas e distantes. “É como se estivessem diante de uma ameaça iminente, sem possibilidade de fuga ou proteção”, explica o veterinário Neander Oíbio.
Para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os estampidos podem causar pânico e desconforto extremo. “Os fogos são extremamente perturbadores, me deixam desnorteada, com ansiedade e medo”, relata Mila Guimarães, autista de 34 anos.
Algumas unidades da federação já proíbem fogos com estampidos, como Distrito Federal, Goiás e Amapá. O projeto em análise no Congresso prevê multas que podem chegar a 20% do faturamento bruto para empresas que descumprirem a legislação, e entre R$ 2,5 mil e R$ 50 mil para usuários.
Especialistas recomendam alternativas como fogos apenas com efeitos visuais e orientam sobre medidas preventivas. Para pets, sugerem criar ambientes seguros e usar técnicas de contenção. Para pessoas sensíveis, o uso de protetores auriculares e fones com cancelamento de ruído pode ajudar a minimizar os impactos durante as celebrações.