Por Walter Biancardine (*)
Em uma pouco usual declaração gravada em vídeo e distribuída nas plataformas digitais, o empresário Mark Zuckerberg, criador e proprietário do Facebook, admitiu que a “política de verificadores independentes de fatos não funcionou, gerando apurações com um claro viés político”, e ainda acrescentou que “os verificadores de fatos têm sido muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que criaram, especialmente nos EUA”.
Vamos traduzir para um português mais sincero: Marquinho, que “chupou” o Facebook criado por ele e mais alguns amigos (ficou tudo para ele, por fim), percebeu que Donald Trump não esconde sua disposição de colocá-lo na cadeia pelos crimes cometidos através da sua plataforma, dentre eles a explícita sabotagem, censura e remoção de postagens contrárias ao pensamento “woke” globalista e a indução de milhões de usuários a crerem no envolvimento do futuro Presidente dos EUA nas invasões do Capitólio, poucos anos atrás. A tentativa de imposição da doutrina comuno-globalista foi clara e inegável.
Zuckerberg não é, biologicamente, um humano como nós: é uma deformidade genética, programada para somente atender seus próprios interesses e venderia a mãe, se lucrativo fosse. Entretanto, como todo mutante, já demonstrou seu ponto fraco e o mesmo é o medo, mundialmente exibido em seus depoimentos ao Senado norte americano, onde gaguejou, piscou, titubeou e não deixou dúvidas que sequer um sinal de wi-fi passaria em seu apertado e apavorado traseiro.
A mudança do Facebook, substituindo os “verificadores de fatos” pelas “notas da comunidade” tal qual o X-Twitter de Elon Musk, não se deve a súbitas conversões ideológicas de Zuckerberg, mas, sim, ao mais primitivo instinto de sobrevivência de seu império. Vamos além e sejamos mais específicos: no caso do Brasil pouco ou nada mudará, uma vez que seu proprietário, prudentemente, afirmou que tais mudanças se darão “inicialmente nos EUA” – ou seja, sob os olhares e vigilância de Trump. E nós, outros?
Não há o que festejar. Como desfazer o acordo Facebook/Alexandre de Moraes, que censurou, vetou, bloqueou e até criminalizou diversos usuários? Como disfarçar seu apoio à ditadura brasileira através de sua rede – uma das mais rígidas, excludentes de divergências e censórias, em atividade no país? Mesmo Elon Musk, teoricamente um defensor da liberdade de expressão, não controla a sede insaciável de censura de seus funcionários esquerdistas, e menos ainda no Brasil. Pretender que Zuckerberg assim o fará é rematado sonho de Poliana digital, e isto é perigoso.
O que Zuckerberg teria a nos dizer sobre todo o terror e opressão – verdadeira obra de engenharia social – espalhados por sua plataforma durante a – vá lá – “pandemia” da Covid? Quais seriam suas explicações a respeito das vergonhosas eleições de 2022? Sobre os inúmeros “shadow ban” impostos em perfis conservadores? Exclusões de postagens (nas quais sou um dos mais agraciados)?
Nada. Tal estagiário de ditador se orienta pelos ventos políticos e monetários, nunca por princípios. Este mutante não preza e jamais prezou a liberdade de expressão, está apenas se adequando à situação atual e, mais especificamente, à conjuntura política dos Estados Unidos.
Este é o retrato de Mark Zuckerberg e seu Facebook. Um homem sem princípios, valores ou orientações morais e que eleva sua cara de pau à alturas estratosféricas afirmando, em seu próprio vídeo, que a nova política adotada visa “restaurar a liberdade de expressão” nas plataformas da empresa – ou seja, é um réu confesso da prática de censura e engenharia social.
O cientista político Flávio Gordon publicou, no X-Twitter, um texto no qual expressa sua crença de que quem é o Zuckerberg pouco importa, como tampouco importam as suas convicções íntimas. Segundo Gordon, “não precisamos especular sobre as razões subjetivas de sua mudança de orientação. Basta-nos ficar com o fato objetivo da declaração feita por ele agora, que indica uma mudança de contexto político inegável, a ponto de tê-lo feito julgar conveniente dizer essas coisas publicamente”.
Ainda segundo o analista, “não interessa se ele acredita ou não no que está dizendo. Não estamos falando de psicologia, mas de política. E o fato é que a eleição do Trump alterou significativamente o cenário geopolítico mundial, obrigando alguns atores como o Zuckerberg a fazer uma correção de rota”.
E este é o perigo, o qual anunciei acima, do “complexo de Poliana digital”: tal pensamento otimista eventualmente poderá ser válido nos Estados Unidos, sob a tutela de Donald Trump, mas aqui em nossas terras tupiniquins nenhuns efeitos se farão sentir.
Quem tem o poder, dele não abre mão. Quem prova o gosto da ditadura, vicia.
Zuckerberg e alguns togados brasileiros já são adictos irrecuperáveis.