Por Walter Biancardine (*)
Indo direto no caroço da questão: encontrei um raro vídeo no YouTube, gravado nas ruas de Cuba – ruas estas que os turistas não frequentam, mas que, no todo, nem são tão diferentes assim das “áreas reservadas” para eles. Aconselho fortemente ao meu leitor buscá-lo. Ao assisti-lo, você, morador do Rio de Janeiro, se sentirá desagradavelmente familiarizado com o ambiente.
Sim, há degradação, pobreza, lixo em toda a parte, fachadas destruídas, calçadas mal conservadas – tudo aquilo que podemos facilmente apreciar na maioria das ruas da defunta Cidade Maravilhosa, a menos que você só ande pelo Leblon.
Cabe lembrar que Cuba é uma ditadura feroz – sim, também a somos, mas o cenário que lá vemos é o resultado de 65 anos de progressiva degradação gerada pelo “socialismo libertador”; enquanto por aqui, no Brasil, deve-se apenas ao eterno descaso governamental, extremamente incentivado por nosso desleixo, passividade, falta de iniciativa e nenhuma noção de higiene e dignidade. Olhe Cuba, e depois dê uma volta em Bonsucesso. Ou mesmo na rua Siqueira Campos, em Copacabana, tanto faz.
Apenas para encerrar: já que visitou o YouTube, aproveite para ver alguns vídeos antigos do Rio de Janeiro – Av. Rio Branco, para ser mais exato – nos anos 60, 70, 80 e 90. Neles você verá um fervedouro de gente, centenas de agências bancárias, homens engravatados caminhando apressados e um trânsito infernal. E o que vemos hoje?
Hoje nos resta o afeminado “paraíso” do (aparentemente eterno) prefeito Eduardo Paes, um outrora centro nervoso, comercial e financeiro transformado em um bairro deserto – um cenário de plástico, sem vida, personalidade ou função alguma além de passarela de desfiles de VLT’s vazios – tal como o bairro.
Não mais agências bancárias, casas de investimento, escritórios portentosos de advocacia ou de empreiteiras – nada, apenas o fofo e rosado “mundo de Alice”, onde gente abismada e sem rumo passeia em bondinhos destinados apenas a angariar votos.
Sim, não olhe agora, mas o Brasil – e, em especial, o Rio – acabou.
E você não viu.