Por William Saliba (*)
É enigmática a posição sobre a Comunidade Canção Nova empreendida pela esquerda brasileira, devido à posição conservadora das suas emissoras, que detêm a maior audiência entre os católicos brasileiros.
Recentemente, surgiu uma controvérsia envolvendo a TV Canção Nova e a produtora Brasil Paralelo. O Observatório da Comunicação Religiosa (OCR), uma iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), publicou uma nota pública expressando preocupação com uma suposta parceria entre a Canção Nova e a Brasil Paralelo. O OCR destacou que a Brasil Paralelo é conhecida por seu alinhamento com ideologias de extrema direita e pela divulgação de teorias conspiratórias, o que poderia comprometer o alinhamento da Canção Nova com as diretrizes da Igreja Católica e os ensinamentos do Papa Francisco.
No entanto, investigações posteriores indicam que a parceria mencionada pode não existir da forma como foi inicialmente apresentada. A Canção Nova esclareceu que não possui uma parceria direta com a Brasil Paralelo. A confusão parece ter surgido devido a uma colaboração entre a Canção Nova e a Obra de Maria para o canal Anuncia-me, que, por sua vez, lista a Brasil Paralelo entre seus apoiadores. Além disso, em fevereiro de 2022, a Brasil Paralelo mencionou que a Canção Nova estava entre os meios de comunicação que veiculavam seus conteúdos, possivelmente devido ao uso de algumas imagens de produções da Brasil Paralelo em uma série de reportagens sobre ideologia de gênero produzidas pela equipe de jornalismo da Canção Nova.
A investida seguinte foi do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que ajuizou uma ação civil pública contra a Fundação João Paulo II, mantenedora da Comunidade Canção Nova, alegando desvio de finalidade. A promotora de Justiça Marcela Agostinho Gomes Ilha afirma que a fundação tem sido controlada em favor dos interesses da Comunidade Canção Nova, comprometendo sua autonomia e independência.
O MP-SP solicita o afastamento dos membros do Conselho Deliberativo da fundação que pertencem à Canção Nova e a nomeação de novos dirigentes sem vínculos com a comunidade religiosa. A promotoria argumenta que a fundação deve adotar melhores práticas de governança para cumprir suas funções estatutárias de forma independente.
Em resposta, o presidente da fundação e da Comunidade Canção Nova, padre Wagner Ferreira, afirmou que a ação ameaça a missão de evangelização da entidade e que ambas as instituições fazem parte de uma única obra missionária. Ele destacou que a fundação foi criada para apoiar as atividades de evangelização da Canção Nova e que essa relação é essencial para a missão de ambas.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido da fundação para que o processo tramitasse em sigilo, argumentando que o acesso ao conteúdo do processo é de interesse público.
A situação está em andamento, e a fundação afirmou que tomará todas as medidas legais cabíveis para defender sua missão de evangelização.
Fica patente a ação silenciosa da CNBB ao se omitir neste imbróglio. O Observatório da Comunicação Religiosa (OCR) é uma iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP). A CBJP, por sua vez, é um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Duas das citações mais conhecidas de Jesus referente a essa divisão na Igreja Católica parecem estar nos Evangelhos de Lucas e Mateus:
“Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes divisão. Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra.” (Lucas 12:51-53)
Essa passagem mostra que a mensagem de Jesus não traria apenas harmonia, mas também conflitos, pois seu chamado ao discipulado exigiria escolhas que poderiam gerar divisões entre aqueles que o aceitassem e os que o rejeitassem.
Mateus cita:
“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.” (Mateus 10:34-36)
Jesus não incentiva o conflito, mas ensina que sua mensagem pode gerar oposição e divisão até mesmo entre irmãos, pois exige um compromisso radical com a verdade do Evangelho e não com a ideologia esquerdista da Teologia da Libertação – a menina dos olhos do Papa Francisco.
Entenderam ou é preciso desenhar?