Uma Medida Provisória (MP) que prevê descontos nas contas de luz para 60 milhões de consumidores residenciais deve provocar um aumento de 20% no custo da energia elétrica para a indústria brasileira. A informação foi revelada por meio de simulações realizadas pela Abrace, associação que representa os grandes consumidores industriais de energia.
O impacto do reajuste deve afetar diretamente o preço de produtos da cesta básica. A eletricidade representa 27% do custo final da picanha e 14% do valor da cerveja, dois produtos emblemáticos do cotidiano brasileiro. Itens essenciais como pães e leite também serão afetados pelo aumento.
A elevação dos custos é resultado de três fatores principais. O primeiro é a nova divisão das despesas com as usinas nucleares de Angra 1 e 2, que agora incluirá os consumidores livres, principalmente indústrias. O segundo fator é o aumento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em R$ 3,6 bilhões, devido à gratuidade concedida às famílias de baixa renda. Por fim, a MP elimina o desconto de 50% na tarifa de transmissão e distribuição para grandes consumidores que utilizam energia de fontes renováveis.
A Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia), ressalta que o percentual de aumento pode variar conforme a localização da indústria e as características específicas de cada contrato. No entanto, a pressão sobre os custos industriais é inevitável, o que deve resultar em repasses aos preços finais dos produtos para o consumidor.
A medida faz parte de uma reforma mais ampla do setor elétrico, que busca beneficiar consumidores residenciais de baixa renda. Entre os beneficiados estão famílias que consomem até 80 kilowatts-hora por mês, que terão gratuidade total, e aquelas com consumo até 120 kWh mensais e renda per capita entre meio e um salário mínimo, que receberão isenção da cobrança da CDE.