O jornal O Globo publicou uma matéria nesta quinta-feira (6) revelando um esquema fraudulento no programa Cozinha Solidária, lançado pelo governo federal em novembro de 2024. A investigação revelou que ONGs contratadas para fornecer marmitas a populações vulneráveis apresentaram notas fiscais de refeições que nunca foram produzidas.
Em visitas realizadas aos endereços cadastrados em São Paulo, os repórteres encontraram locais fechados e sem qualquer sinal de funcionamento de cozinhas. Na ONG Madre Teresa de Calcutá, que deveria entregar 4.583 refeições mensais, foram produzidas apenas 250 marmitas em janeiro, embora a prestação de contas indique a entrega total.
O esquema envolve uma rede de organizações subcontratadas pela ONG Mover Helipa, vencedora do edital público. A maioria das entidades é gerida por ex-assessores e pessoas ligadas a parlamentares do PT. Em alguns casos, as ONGs declararam ter entregado todas as refeições previstas em dezembro, mesmo admitindo que sequer haviam começado as operações.
A análise dos documentos de prestação de contas revelou que 13 relatórios apresentavam textos idênticos e foram criados pelo mesmo usuário na última semana de dezembro. O Ministério do Desenvolvimento Social anunciou que vai investigar as irregularidades e, se confirmadas, exigirá a devolução dos recursos.
O caso expõe falhas graves no controle e fiscalização do programa social, que deveria beneficiar pessoas em situação de vulnerabilidade. As evidências apontam para um possível desvio sistemático de recursos públicos através de uma rede de organizações com conexões políticas.
O ministério informou que realizará vistorias nos locais e poderá suspender os repasses caso sejam comprovadas irregularidades. Enquanto isso, a população que deveria ser beneficiada pelo programa continua sem receber as refeições prometidas pelo governo federal.