A mineradora BHP revelou que cerca de 60% dos 620 mil atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, ficarão de fora da repactuação assinada em outubro de 2024. A informação consta em um comunicado oficial aos acionistas, divulgado pela empresa em seu relatório semestral de resultados.
O documento expõe que apenas 40% das vítimas individuais e 80% dos municípios afetados poderão aderir ao acordo firmado no Palácio do Planalto. Segundo análise da consultoria Punter Southall Analytics, dos 620 mil atingidos que movem ação na Inglaterra, somente 233.384 pessoas são elegíveis para receber compensações através da nova repactuação.
Tom Goodhead, CEO do escritório Pogust Goodhead, que representa as vítimas na justiça britânica, criticou a postura da mineradora por não ter revelado esses dados antes da assinatura do acordo com as autoridades brasileiras. Para ele, o processo em Londres permanece como única alternativa viável para que a maioria dos atingidos receba indenização integral.
O desastre, ocorrido em 5 de novembro de 2015, liberou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, impactando aproximadamente 700 mil pessoas ao longo da Bacia do Rio Doce. O rompimento causou 19 mortes, sendo que uma das vítimas ainda não teve seu corpo localizado.
A BHP também esclareceu que o acordo não contempla ações criminais no Brasil, processos coletivos na Austrália e Holanda, além de reivindicações futuras ou desconhecidas. As comunidades indígenas e tradicionais que optarem pela adesão terão direito apenas a danos coletivos e morais, excluindo-se reivindicações individuais de seus membros.