O Brasil registrou em 2024 a maior devastação por queimadas dos últimos cinco anos, com 30,8 milhões de hectares destruídos pelo fogo, um aumento de quase 80% em relação ao ano anterior. Os dados do MapBiomas e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um cenário alarmante, com 278.299 focos de incêndio detectados.
A extensão da área queimada equivale ao território da Itália, evidenciando a dimensão catastrófica do problema. O governo federal foi criticado pela demora em reagir à situação, tendo iniciado ações efetivas apenas quando a fumaça atingiu Brasília, com a mobilização tardia de forças-tarefas e brigadistas.
Especialistas apontam que, embora fatores climáticos como El Niño e a seca tenham contribuído para a propagação das chamas, a ausência de medidas preventivas agravou significativamente o cenário. Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, ressalta a necessidade de maior controle e transparência dos governos estaduais e federal sobre o uso das terras e licenciamento para uso do fogo na agropecuária.
O aumento expressivo nas queimadas contradiz o discurso ambientalista defendido pela atual gestão federal. A falta de estratégias preventivas e respostas estruturadas expõe as fragilidades no combate aos incêndios, mesmo com os alertas constantes da comunidade científica sobre os riscos das mudanças climáticas.
O cenário atual demanda uma reformulação urgente das políticas públicas de preservação ambiental. Medidas pontuais e reativas não são mais suficientes diante da gravidade da situação. A proteção do patrimônio natural brasileiro requer ações coordenadas, preventivas e permanentes, independentemente das condições climáticas sazonais.
A devastação registrada em 2024 serve como alerta para a necessidade de mudanças significativas na gestão ambiental do país. Sem um plano efetivo de prevenção e combate às queimadas, o Brasil continua vulnerável a novos recordes de destruição, comprometendo não apenas seus biomas, mas também a qualidade de vida da população e seus compromissos ambientais internacionais.