Por Sebastião Gomes da Silva
Prezados senhores, senhoras e jovens desta cidade. Viver é muito bom e conhecer um pouco da nossa história, também o é.
Neste fim de semana, nossa rede social foi inundada com imagens da “tromba d’água” que assolou parte da nossa cidade; trazendo a informação da ocorrência de 10 óbitos. Até então tudo parece novidade; mas e a enchente de 1979 onde morreram mais de 44 pessoas somente na “Grota do IAPI”?
O que me espanta é a singularidade que o assunto de hoje é tratado. Já que o passado não trouxe nenhuma praticidade, pergunta-se: e agora José?
Sou testemunha ocular desta tragédia em 1979. Foram mais de 30 dias de chuva ininterruptas naquele mês que encharcaram toda encosta da grota. No local existia uma pequena pedreira, que naturalmente utilizava explosivos e por consequência poderia ter abalado a estrutura da encosta.
O que chama atenção é que toda encosta era totalmente desprovida de árvores, contendo apenas a vegetação rasteira de capim colonião para alimentação bovina que também utilizava aquele espaço.
Pronto, a bomba estava armada: encosta fragilizada; nenhuma árvore e portando nenhuma raiz profunda no terreno e 40 dias de chuvas para amolecer toda encosta; cataplum!
Quer saber mais sobre o assunto, abra a pesquisa no Google: Tragédia: A inesquecivel enchente de 1979 no Vale do Aço.
Lá se foram 46 anos. O que aprendemos com esta lição da grota? Praticamente nada: Economicamente a pedreira encerrou suas atividades; o povo esqueceu da tragédia e a ocupação imobiliária continuou.
Se compararmos uma fotografia do local de 1979 com um fotografia de 2025 podemos perceber que uma metade da encosta da tragédia foi rearborizada, o que é um pequeno lucro na prevenção de desastre, todavia a outra metade da encosta continua sendo utilizada como pastagem.
Uma nova temporada de chuva com 40 dias de duração (idêntica 1979) pode propiciar novo desabamento desta encosta? Qual é o parecer da Defesa Civil neste caso? O numero de residencia no local é 4 vezes o de 1979.
Nesta semana, depois de ver dezenas de vídeos sobre as consequências da “nossa” tromba d’água, ouso fazer alguns comentários:
A) Tromba d’água é muita água em pouco tempo, diferente de 1979 onde choveu normalmente por 40 dias seguido;
B) Com muita água em pouco tempo, o escoamento da mesma fica totalmente comprometido. A rede de escoamento não foi projetada para escoar tromba d’água;
C) Impressionante a quantidade de lixo que vemos nos vídeos atrapalhando o escoamento e entupindo os dutos, provocando mais transbordamento e retenção das águas. Culpa da população com certeza!;
D) Nos desabamentos de encostas percebe-se a ausência do plantio de árvores que poderia amenizar estas ocorrências.
SUGESTÂO DE PREVENÇÃO DE NOVAS OCORRÊNCIAS
– Efetuar um levantamento cartográfico de todas as encostas do município e respectivos números de habitantes sob risco. Levantamento em conjunto com a Defesa Civil;
– Efetuar / promover uma campanha de reflorestamento nestas encostas com intuito de prevenir deslizamentos;
– Incentivo fiscal e ajuda financeira para reflorestamento das encostas pertencentes a propriedades particulares;
– Maior controle e fiscalização nas expansões imobiliárias nas áreas de riscos. Prevenir primeiro para vender depois;
– Existe a coleta de lixo doméstico que pagamos juntamente com o IPTU. Necessário adotar uma politica de recolhimento de outros objetos que não se enquadram como lixo doméstico. Este lixo é que entope as galerias;
– Não adianta reclamar depois. A população de baixa renda não tem recursos e conhecimento onde jogar uma sofá velho… vai ficar na rua. È uma questão de cidadania e formação, mas infelizmente… as coisas andam de uma maneira “torta” atualmente.
Sem mais delongas!