Por Walter Biancardine (*)
O Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) proferiu a espantosa quantidade de 114 mil decisões em 2024, enquanto a Suprema Corte americana decidiu apenas 74 vezes, em uma amostra de que os Estados Unidos da Amérca possuem um legislativo respeitado e que, principalmente, se dá ao respeito. Já no Brasil, nossa Suprema Corte não mais é uma corte constitucional, transformando-se em tribunal de primeira instância ou, pior, gabinete legislador da atual ditadura – resultando daí a tal e absurda quantidade de ações “julgadas”.
Tal invasão de prerrogativas e ostentação de poder ditatorial é facilmente comprovada também pela disparidade de decisões, que evidenciam haver dois pesos e duas medidas em todo o corpo da citada Corte.
Em qualquer ditadura – e na nossa não seria diferente – emprega-se o velho ditado “aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei”, e tal se dá em questões que simplesmente foram vetadas da pauta de assuntos cotidianos do brasileiro, por obra e graça da sanha censória e brutalidade das prisões sem julgamento, ordenadas pelos ditadores de toga.
Um bom exemplo é a questão do voto impresso, com possibilidades reais de auditoria – posto que o mesmo é físico (um papel) e pode ser recontado – e que inibiriam, ou ao menos dificultariam sobremaneira, as atuais e descaradas fraudes eleitorais em curso no Brasil. Tal assunto é proibido, execrado e, inevitavelmente, termina por levar à prisão aqueles que se atrevem a comentá-lo, como eu.
O que diferencia este escriba dos demais é que nada tenho a perder com um possível encarceramento, pelo contrário: ao menos terei direito a duas refeições ao dia e um teto gratuito para dormir – coisas que perdi e hoje me são muito caras. Igualmente não tenho entes queridos, amores, amizades, nenhum patrimônio ou sequer emprego fixo, com garantia salarial.
Assim, e escorado em minha plena nulidade como pessoa prestante – um cidadão burguês normal, coisa que não o sou – atrevo-me a questionar a cara de pau e desfaçatez de um Tribunal que exige de Jair Bolsonaro a comprovação, mostrando o papel, do convite oficial feito pelo presidente eleito Donald Trump para sua posse, neste próximo dia 20, enquanto sonega ao cidadão pagador de seus salários e mordomias o simples e inalienável direito de obter as provas de uma eleição limpa, através do mesmo material – papel – que nos é recusado e, ao mesmo tempo, exigido de Bolsonaro.
O cinismo é evidente e inegável, mais uma vez esfregando em nossa cara a segurança e tranquilidade que sentem, exercendo suas posições de ditadores do Brasil.
A tal ponto as ditaduras se igualam em seus lados tenebrosos que Mark Zuckerberg – mais conhecido por seu dinheiro que pelo caráter – recuou de suas decisões “libertárias” e já divulgou uma espécie de “errata”, timbrando que tais novidades (eliminação de “fact checkers”, substituídos por “notas da comunidade” como no X-Twitter) serão adotadas apenas nos Estados Unidos, deixando a sombria e nefasta União Europeia de fora bem como, inevitavelmente, a ditadura brasileira também – afinal, trata-se de “negócios”, dinheiro, e ambos os locais representam um enorme faturamento para seus bolsos.
Cabe encerrar este artigo lembrando que o ditador Alexandre de Moraes havia elogiado este mesmo Zuckerberg, chamando-o de “pilar da democracia” juntamente com seu Facebook censório. Bastou o mesmo Zuck encolher-se diante de Trump, anunciando mudanças, que os rugidos ameaçadores deste mesmo ditador Moraes se fizeram sentir, bem como a expressa contrariedade dos comuno-globalistas da União Europeia.
E isto foi o suficiente para Zuckerberg – o camaleão moral – morfar-se em cópia de tais ditadores, implantando nas suas empresas a já citada política dos “dois pesos, duas medidas”: liberdade nos EUA, censura no Brasil e Europa.
O ditador Moraes quer o papel do convite feito a Bolsonaro, mas nega o papel que comprova nosso voto – e assim funcionam e vicejam as ditaduras, em torno do mundo: graças à nossa passividade.
O mundo só será justo quando o sistema tiver medo do povo, e não mais o povo se amedronte com o sistema.