Um laudo toxicológico concluiu que Arilton Bastos Alves, motorista da carreta envolvida no trágico acidente que resultou na morte de 39 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), havia consumido cocaína, ecstasy e outras drogas antes do ocorrido. O exame foi realizado em 23 de dezembro de 2023, dois dias após o acidente, e também detectou a presença de MDA, alprazolam e venlafaxina. Além disso, peritos apontaram o consumo simultâneo de cocaína e álcool.
Arilton foi preso na manhã desta terça-feira (21), no Espírito Santo, após uma decisão judicial assinada pelo juiz Danilo de Mello Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni. De acordo com o magistrado, o comportamento do motorista demonstra uma “deliberada assunção de risco”, ressaltando também seu histórico de conduzir sob efeito de álcool. Em julho de 2022, ele foi flagrado embriagado ao volante e teve sua habilitação suspensa.
DECISÃO REVISADA E FATORES AGRAVANTES
O acidente ocorreu na madrugada de 21 de dezembro e envolveu uma carreta carregada com blocos de granito, um ônibus de viagem e um carro. Arilton deixou o local do acidente e só se apresentou à polícia dois dias depois. Na ocasião, a Justiça negou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil.
No entanto, após análises detalhadas, o juiz Danilo de Mello Ferraz revisou a decisão, considerando o uso de drogas pelo motorista, o excesso de velocidade e o sobrepeso da carga como agravantes. Segundo a decisão, a carreta transportava dois blocos de quartzito que juntos ultrapassavam 68 toneladas, excedendo o limite permitido por lei. Com o peso da carreta e dos semirreboques, o total chegava a 91,261 toneladas — quase o dobro do permitido.
Dados da perícia também revelaram que o veículo estava a mais de 90 km/h em um trecho onde o limite era 80 km/h, e em outro momento da viagem chegou a 132 km/h. “Tal comportamento revela o grau de descuido e indiferença em causar um acidente de trânsito”, afirmou o juiz.
DINÂMICA DO ACIDENTE
Inicialmente, houve a hipótese de que o acidente teria sido causado pelo estouro de um pneu do ônibus, o que fez o motorista perder o controle e colidir com a carreta. Contudo, investigações desmentiram essa versão. Testemunhas negaram barulho de explosão, e peritos indicaram que o desprendimento de um dos blocos de granito da carreta foi o principal fator causador do desastre.
Segundo a perícia, o tombamento do segundo semirreboque da carreta fez com que o bloco de granito se soltasse e atingisse o ônibus da empresa Emtram, onde estavam as vítimas. O excesso de peso e a alta velocidade foram determinantes para o ocorrido.
DEFESA ALEGA SURPRESA COM PRISÃO
Em nota, a defesa de Arilton Bastos Alves afirmou estar surpresa com o decreto de prisão preventiva e declarou que todas as medidas legais serão tomadas para garantir o devido processo legal. “O caso ainda está em fase de investigação. Não fomos cientificados dos fundamentos da prisão e estamos trabalhando para assegurar o direito de defesa e a restauração da liberdade do cliente”, disse o advogado.
O caso segue em investigação e lança luz sobre as condições de segurança no transporte rodoviário e a responsabilidade dos condutores em relação ao cumprimento das normas de trânsito.