A máxima de que “o mundo mudou” após o advento do novo coronavírus pode ser comprovada com a nova rotina que é possível presenciar, desde o início da pandemia, nos supermercados do Vale do Aço. Consideradas atividades essenciais, as empresas do setor não foram obrigadas a fechar as portas ou ter o expediente reduzido como a maioria dos outros segmentos. No entanto, só tiveram autorização para continuar operando após rigorosas adequações de higiene, bem como precisaram treinar funcionários, apertar a fiscalização nas gôndolas e mudar boa parte da estrutura de suas lojas.
“A pandemia apresentou um cenário desafiador para todo o varejo e os supermercados, um dos setores que mais emprega na região, não estão fora deste rol. Todo planejamento feito para 2020 ‘foi para o ralo’, pois os empresários precisavam assimilar rapidamente esta nova realidade e investir na higiene de suas lojas, no treinamento de colaboradores e na conscientização dos consumidores”, reforça José Maria Facundes, presidente do Sindcomércio (Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Bens e Serviços) do Vale do Aço.
“Entendemos, também, que os supermercadistas da região têm tido papel crucial em educar a população e fazê-la entender que todos precisamos seguir à risca as recomendações de saúde contra a Covid-19”, emenda o dirigente sindical.
ROTINA
Elizandra Machado é administradora da rede Garcia Supermercados, com três unidades em Ipatinga (bairros Canaã, Veneza e Bom Jardim) e uma em Santana do Paraíso (Cidade Nova). Ela explica que, com o advento da Covid-19, já no início de março foi necessário implementar uma série de mudanças nas lojas sob sua responsabilidade.
“Precisávamos conscientizar funcionários e consumidores sobre a importância em se tomar os devidos cuidados nos meses que estavam por vir. Hoje já é rotina uma minuciosa higienização dos caixas e das maquininhas de cartão, por exemplo, bem como espalhar álcool em gel por todos os outros setores do supermercado”, explica, afirmando também que, com a chegada da pandemia, foram necessários mais investimentos em vendas on-line. “Precisávamos criar mecanismos para atender o cliente que optou por continuar no conforto de sua casa”, diz.
Segundo ela, a preocupação com as informações a serem repassadas para os colaboradores e clientes triplicou, sendo necessário, por exemplo, avisos por meio dos altos falantes das lojas sobre o uso obrigatório de máscaras e a colagem de cartazes informativos de prevenção ao novo coronavírus. “Atendimento a fornecedores, agora, só on-line”, acrescenta. Por último, Elizandra reforçou que foram inúmeras medidas de segurança e higiene na rede Garcia Supermercados, como demarcação no piso para distanciamento entre clientes e limpeza constante de carrinhos e cestinhas.
Gerente comercial no Brasil Supermercados (unidades em Ipatinga, Fabriciano e Timóteo), Denis Andrade revela que o enfrentamento à pandemia aumentou em 300% a rotina de higienização no interior das lojas e ambientes comuns frequentados por funcionários. “Também temos total controle do número de consumidores que entram no supermercado, sempre cobrando o uso de máscara. Todos que chegam às nossas lojas têm as mãos higienizadas”, resume.
Ele explica que carrinhos de compra, corrimãos e pisos têm recebido atenção redobrada, uma vez que precisam ser limpos de hora em hora. “Ainda tivemos que instalar placas de acrílico nos ‘checkouts’ para proteger os funcionários, entre outras medidas de higiene nos escritórios e áreas de lanche. Há grande preocupação com os distanciamentos recomendados e, atualmente, 90% das compras que fazemos para o supermercado são on-line por meio de aplicativos, e-mail e outras plataformas”, conclui.
ORIENTAÇÕES
Diretor Administrativo e Financeiro da Consul (cooperativa com lojas em Ipatinga e Timóteo), Emilio Jorge Chain informa que, em decorrência da Covid-19, a empresa passou a balizar suas ações em orientações do Ministério da Saúde, da OMS e da Fundação São Francisco Xavier, além de seguir rigorosamente as diretrizes repassadas pela Prefeitura de Ipatinga e demais decretos municipais vigentes.
“No que diz respeito aos colaboradores pertencentes ao chamado ‘grupo de risco’, a Consul tomou algumas medidas como concessão ou antecipação de férias e home office”, exemplificou, acrescentando que alguns funcionários enquadrados no mesmo grupo também foram remanejados de função ou ambiente de trabalho.
Chain lembra que as redes sociais na Internet e a imprensa em geral se tornaram ainda mais aliadas no trabalho de propagar informações de horários de atendimento exclusivos para idosos e a necessidade de apenas uma pessoa por família vir ao supermercado, por exemplo. “Entre os muitos cuidados que passamos a observar, estamos acompanhando continuamente a limpeza de banheiros e restaurantes, organizamos horários de almoço distintos para os empregados e ainda dispensamos atenção especial ao isolamento da padaria, açougue e farmácia com pedestal de sinalização zebrado”, finalizou.