A Ordem dos Jornalistas do Brasil (OJB) emitiu na tarde de ontem (8) nota para manifestar repúdio diante da discriminação praticada contra profissionais de jornalismo que atuam nas redes sociais e fora dos grandes veículos de imprensa no Brasil. O jornalista William Saliba, diretor do ‘CARTA DE NOTÍCIAS’, depois de advertido, está sendo censurado por algumas redes sociais.
Segundo informa William Saliba (que deixou de assinar a sua coluna no portal CARTA DE NOTÍCIAS há alguns meses), há uma mordaça disfarçada sob o comando do sistema globalizante. De todos os posts publicados por ele, somente alguns são entregues para os cerca dos 12 mil leitores que o seguem nas redes sociais. “Em 50 anos de jornalismo, nunca sofri censura, nem mesmo no Regime Militar. Lamentável a ditadura do judiciário a que somos submetidos pela alta corte brasileira e por algumas plataformas de mídia sociais.” – argumenta o comunicador.
Constantemente, os grandes veículos de imprensa referem-se a estes jornalistas e seus veículos como “blogs”, “blogueiros” ou “youtubers”, termos usados com conotação pejorativa com o objetivo de desqualificar colegas de profissão. Para a OJB, “o surgimento desses modernos canais de comunicação abriu novas oportunidades de trabalho para todas as pessoas que atuam no jornalismo brasileiro”.
Confira a íntegra da nota publicada.
NOTA PÚBLICA
A Ordem dos Jornalistas do Brasil manifesta-se publicamente em defesa dos colegas jornalistas que atuam em mídias sociais modernas, como ‘blogs’, redes sociais, sites e canais de vídeo na internet, bem como em demais veículos de comunicação alternativos. O surgimento desses modernos canais de comunicação abriu novas oportunidades de trabalho para todas as pessoas que atuam no jornalismo brasileiro.
A ampliação dos canais de jornalismo trouxe uma maior concorrência pela audiência, o que tende a elevar a qualidade das coberturas jornalísticas, além de possibilitar uma maior pluralidade de ideias no debate público. Quem mais ganha com isso é o consumidor de informação, que agora tem mais opções de escolha sobre o produto jornalístico que irá consumir.
Porém, alguns veículos da grande imprensa tradicional insistem em discriminar jornalistas independentes, que encontram nas mídias sociais modernas o seu meio de exercício da profissão. Essa discriminação passa por chamar colegas jornalistas de “blogueiros” ou “youtubers”, termos usados com conotação pejorativa, desqualificando colegas de profissão.
Vários jornalistas que atuam nas mídias sociais praticam o bom jornalismo informativo e investigativo, com a devida apuração de fatos, possuem suas fontes junto a governos, empresas e instituições, e produzem conteúdo de qualidade, de forma independente, tanto quanto colegas que atuam na imprensa tradicional seriam capazes de fazer.
Como toda forma de discriminação, esta agora praticada por alguns veículos da grande imprensa também é flagrantemente seletiva, pois vários jornalistas que trabalham para esses mesmos veículos tradicionais também possuem seus perfis pessoais em redes sociais, ‘blogs’, sites de vídeo, etc., e também exercem o jornalismo nesses canais. Estes colegas, porém, nunca foram discriminados e tratados com expressões depreciativas pelos veículos em que trabalham, muito embora façam nas redes sociais a mesma coisa que os colegas agora discriminados estão realizando.
Outro aspecto desta ação discriminatória é a tentativa de manutenção do oligopólio das grandes empresas de mídia, que sempre controlaram o mercado jornalístico não só sob o aspecto econômico-concorrencial, mas principalmente da circulação de informações e do direcionamento do debate público. O crescimento da audiência dos novos canais de jornalismo revela a qualidade do conteúdo produzido pelos jornalistas que neles atuam, representando assim um risco a esse oligopólio, que não hesita em lançar mão de práticas anticoncorrenciais desleais, antiéticas e reprováveis. A quebra desse oligopólio trará mais e melhores oportunidades de trabalho para jornalistas e conteúdos de melhor qualidade para o público consumidor.
O oligopólio da grande imprensa não pode ser a instância máxima a decidir sobre o reconhecimento ou não de um colega do como membro da comunidade jornalística. É preciso olhar para o futuro, aceitar a realidade do século XXI e ocupar os novos espaços de jornalismo abertos pelas modernas tecnologias, pois isto certamente fará bem à classe jornalística como um todo.
Na contramão da história, a visão arcaica de querer deslegitimar o jornalismo praticado nas novas mídias sociais se assemelha à ação de taxistas contra a concorrência dos modernos aplicativos de transporte. O jornalismo precisa olhar para frente, modernizar-se e ser inclusivo”.